A Máquina de Vendas começou domingo uma campanha de lavadoras de roupa, com preços de R$ 179 (semi-automáticas ou "tanquinhos") a R$ 1.299 (automáticas). A expectativa da empresa, que reúne as redes Ricardo Eletro, Insinuante e City Lar, com 750 lojas no país, é aumentar entre 30% e 40% as vendas neste inverno, época de pico na demanda pelo produto.
A julgar pelo desempenho nos primeiros meses do ano, a procura pelas lavadoras deve continuar em alta. Segundo a consultoria GfK, a venda de máquinas de lavar, automáticas e "tanquinhos" cresceu 19% em volume entre janeiro e abril, em comparação ao mesmo período de 2010, a maior alta no setor de linha branca no quadrimestre. O destaque são os produtos de preço intermediário (entre R$ 1 mil e R$ 1,1 mil).
"As regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste vêm puxando as vendas", diz Oliver Römerscheidt, da GfK. Hoje, essas regiões representam quase 14% das vendas de linha branca em unidades. Em 2009, essa fatia era de 8,6%. A participação de "tanquinhos" no volume total da categoria subiu mais de um ponto percentual, para 37,4%.
Lavadoras e micro-ondas ocupam o topo da lista de desejos do brasileiro de classe média, conforme pesquisa da Fecomércio. No acumulado do ano, no entanto, as vendas de micro-ondas caíram 8% em volume, segundo a GfK. "O recuo foi puxado pelos meses de janeiro e fevereiro", diz Römerscheidt. "A venda já se recuperou em março e abril".
Em 2010, segundo o consultor, o micro-ondas foi o produto de linha branca que mais cresceu: alta superior a 10% em volume, puxada pelos modelos compactos com preço abaixo de R$ 260. Marcas chinesas vêm ganhando espaço.
Já a líder de linha branca Whirlpool, dona de Brastemp e Consul, diz que entre janeiro e maio a venda de lavadora cresceu mais de 20% e a de micro-ondas mais de 15%, em unidades. "O varejo está esticando o prazo de pagamento dos eletrodomésticos, o que favorece as vendas, porque o consumidor quer saber se a parcela cabe no bolso", diz Claudia Sender, diretora de marketing da Whirlpool. Segundo ela, até janeiro, 25% dos anúncios de linha branca ofereciam produtos em mais de 12 vezes com juros. Em abril, esse percentual cresceu para 40%.
Na Ricardo Eletro, as vendas acima de 12 vezes com juros são as preferidas do consumidor. Já na Salfer, dona de mais de 200 lojas em Santa Catarina e no Paraná, a opção de 18 vezes com juros é a mais procurada em linha branca. Segundo Sergio Bittencourt, diretor comercial da Salfer, a indústria já sinalizou aumento de preços. "Mas não há espaço para isso agora, quando a economia está em desaceleração", diz ele.
Segundo Claudia, o aumento de custos da Whirlpool com matéria-prima e salários resultou em um repasse entre 5% e 9% aos preços em maio, dependendo da categoria. "Mas como o varejo ainda está girando estoque, o aumento será percebido aos poucos", diz.
A queda de braço entre varejo e indústria promete. Segundo um especialista do setor, o varejo não vai aceitar o repasse. "O consumidor se entusiasma quando são rompidas algumas barreiras mágicas de preço, como lavadoras a R$ 999 e micro-ondas a R$ 199", diz ele. "Nesse contexto, 5% a mais faz muita diferença".
Veículo: Valor Econômico