Uma Barbie bem brasileira

Leia em 3min 40s

A fabricante americana de brinquedos Mattel negocia a produção da famosa boneca loira e dos carrinhos Hot Wheels no Brasil

 

Há pouco mais de dois anos, a fabricante de brinquedos americana Mattel lançou a “Barbie Amazônia”, caracterizada como uma índia, de cabelos negros compridos e até um cocar. Mas a Barbie só era brasileira no modelo: sua produção ocorria em fábricas no México ou no Sudeste asiático. Pois, agora,  a mais famosa boneca do mundo deverá ter o Brasil em seu DNA. A Mattel analisa a fabricação de brinquedos no País nos próximos meses. A ideia é produzir internamente a Barbie, as bonecas Little Mommy, os carrinhos Hot Wheels e jogos de tabuleiro. A companhia, que fatura US$ 6 bilhões por ano, mantém sete fábricas próprias no México e na China,  e mais de 60 parceiros no mundo, responsáveis por 50% do total vendido. Esse é o modelo que está sendo avaliado no Brasil. “Já chegamos a uma lista de quatro fornecedores”,  diz Ricardo Roschel, diretor de operações da Mattel no Brasil. 

 

Hoje os únicos produtos das linhas principais da Mattel, feitos no Brasil, são os jogos Uno, fabricados pela Copag, na Zona Franca de Manaus. A produção local já existe em acessórios e produtos licenciados (confira o quadro). A intenção de fabricar os brinquedos no Brasil foi comunicada por Roschel ao Ministro da Indústria e Comércio, Fernando Pimentel, numa reunião em Brasília. Uma das razões para o início da produção local seria o aumento da alíquota do imposto de importação de brinquedos de 20% para 35%,  no final do ano passado. Outro, e talvez o principal fator, é o entusiasmo com o mercado brasileiro, onde as vendas da Mattel cresceram 22% nos últimos quatro anos. 
 

 
O Brasil é o terceiro maior mercado internacional para a Mattel, atrás apenas do México e Reino Unido.  O diretor mundial de operações da Mattel, Bryan Stockton, acredita que o sucesso brasileiro está longe de se esgotar. “Dizemos aqui que o próximo Brasil é o Brasil”, afirmou ele, em entrevista exclusiva à DINHEIRO. O executivo comemora a decisão de ter continuado a investir no mercado brasileiro mesmo durante a crise pré-eleitoral de 2001/2002. Mas prefere não dar mais detalhes sobre a negociação do início da produção dos brinquedos no País.  Além de avaliar a produção local, a Mattel procura replicar em outros países algumas de suas experiências brasileiras com o varejo.
 


Na rede C&A, por exemplo, é possível encontrar as bonecas Barbie junto com alguns produtos licenciados, como mochilas, patins e roupas. Supermercados e lojas de departamentos americanos mantêm separados os brinquedos e itens licenciados.  O Brasil tem também uma posição privilegiada dentro da Mattel se comparado a outros mercados emergentes. Ao contrário de empresas  que apostam todas as fichas no crescimento da China e da Índia, a fabricante de brinquedos ainda vê na América Latina um mercado muito mais desenvolvido em relação ao de países asiáticos. “Muita gente me pergunta sobre os BRICs, mas China e Índia ainda estão num estágio de desenvolvimento do mercado de brinquedos muito anterior ao brasileiro”, afirma Stockton.
 
 

O investimento fora dos Estados Unidos faz parte de um esforço da Mattel para se reinventar em meio ao novo mundo cheio de brinquedos digitais para as crianças e da crise nos países desenvolvidos. A participação dos Estados Unidos no total da receita da companhia caiu de 64% para pouco mais de 50%,  nos últimos dez anos. No primeiro trimestre deste ano, as vendas no mercado americano cresceram 7%.
 


Na América Latina, aumentaram 28,5%. Stockton diz que as vendas de brinquedos tradicionais, como a Barbie, que tem mais de 50 anos, vão continuar a crescer, apesar das novas opções disponíveis para crianças, como videogames. “A solução é integrar componentes digitais aos brinquedos tradicionais.” O executivo cita como exemplo uma Barbie que vem com uma câmera acoplada no pingente de seu colar. A menina pode fazer o download do vídeo ou acompanhar a gravação da brincadeira sob o ponto de vista da boneca, num pequeno painel nas costas da Barbie. Os carrinhos Hot Wheels também já têm câmeras embutidas para gravar as corridas disputadas pelos meninos.
 
 
 

Veículo: Revista Isto É Dinheiro


Veja também

Agricultura familiar terá garantia de preço

Segmento terá ainda política exclusiva de incentivos oficiais para vender diretamente seus produtos &nbs...

Veja mais
Vem chumbo grosso

A Whirlpool é a líder mundial do setor de eletrodomésticos, mas está sob fogo cerrado dos co...

Veja mais
Leite quente

O mercado de leite vai ferver. A companhia de Laticínios Vale do Taquari (Lativale), no Rio Grande do Sul, foi co...

Veja mais
Alimentação segura

Apesar de possuir 17 milhões de pessoas vivendo na miséria, o Brasil é um dos países nos qua...

Veja mais
Pequenos com grife

O Ministério do Desenvolvi-mento Agrário quer ajudar os agricultores familiares a colocar seus produtos no...

Veja mais
Rizicultores da Região Sul terão R$ 1 bi para escoar safra

Entre as medidas anunciadas pelo governo, está a troca do milho pelo arroz como alimento de aves e suínos ...

Veja mais
Acionista do Carrefour confirma importância do Brasil para o grupo

Apesar de a prioridade do Carrefour ser a recuperação das operações na França, mercad...

Veja mais
Calçados: Governo promete investigar denúncia de triangulação

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, anunciou ontem que o gove...

Veja mais
Produtor de arroz espera preço maior após medidas de apoio do governo

A safra recorde de 8,9 milhões de toneladas de arroz no Rio Grande do Sul afetou os preços do cereal no me...

Veja mais