Ação do Pão de Açúcar traz risco, diz analista

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Para especialistas, momento não é favorável para compra por incerteza sobre a fusão

 

O anúncio das negociações de fusão entre Pão de Açúcar e Carrefour na semana passada movimentou o mercado e trouxe valorização às ações da empresa comandada por Abílio Diniz.

 

Analistas afirmam, porém, que, apesar da alta inicial, este não é um bom momento para comprar os papéis.
"A ação já subiu muito nos últimos dias, e essa alta foi artificial, baseada em volume de mercado, por conta das compras do Casino", afirma Francisco Kops, analista da Planner Corretora.

 

Ao longo dos últimos dias, o sócio francês de Diniz no Pão de Açúcar comprou em Bolsa mais US$ 1 bilhão em ações da rede varejista, ampliando sua participação no capital do grupo para 43,1%.

 

Isso causou a valorização artificial a que Kops se refere.

 

O consenso geral entre os participantes do mercado ouvidos pela Folha é de que o imbróglio criado em torno do negócio deve levar algum tempo para ser desfeito.
E que, por conta disso, as ações da rede brasileira devem sofrer no médio prazo. "É uma briga de cachorro grande, e isso aí pode dar muita volatilidade ao papel", diz André Mello, analista sênior da TOV.

 

INCÓGNITA

 

Alexandra Almawi, economista da Lerosa Investimentos, aponta três incertezas sobre o negócio que podem mexer com as ações: a posição do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social); a decisão do Casino; e a aprovação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).
"Depois de receber fortes críticas, o BNDES já disse que não vai ferir nenhum acordo de acionistas", diz. "A incerteza sobre a posição do banco pode trazer volatilidade."

 

Ela afirma que, no longo prazo, se essas questões se resolverem, a tendência é que as ações subam. "Mas ainda é um momento de incógnita, não é um momento de entrada no papel."

 

Para Mello, da TOV corretora, a opção para quem não tem ações do Pão de Açúcar ainda é ficar de fora do papel. "Quem tem, mantém, não é hora de aumentar posições. E quem não tem, fica de fora."
Kops, por sua vez, acredita que quem já investe no grupo pode ganhar com a valorização da semana passada se vender agora.
"Deve haver uma realização de lucros nos próximos dias, até porque o negócio vai demorar. Mesmo que Casino aprove, a fusão ainda tem que passar pelo Cade."

 

SÓCIOS

 

Para Mello, é difícil que o caso termine com Pão de Açúcar, Carrefour e Casino como sócios em uma mesma empresa. "Eu não consigo enxergar os três juntos. Eu consigo enxergar Carrefour e Pão de Açúcar, ou Casino e Pão de Açúcar", afirma.
"De qualquer forma, para o acionista minoritário, o melhor seria a fusão com o Carrefour, que agregaria ao grupo o melhor custo de produtos e aumentaria a participação no mercado brasileiro." (GV)

 


Veículo: Folha de S.Paulo


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