Criada há 43 anos, autora das campanhas do garoto Bombril e do baixinho da Kaiser vende 70% das ações
Grupo francês já tem participações em duas agências do ranking das dez maiores do país em faturamento
Responsável por criações que fizeram história na publicidade brasileira, como o baixinho da Kaiser e o garoto propaganda da Bombril, a agência DPZ foi adquirida ontem pelo francês Publicis Groupe, terceiro maior grupo de publicidade do mundo.
Dono de uma receita global de R$ 12 bilhões em 2010, o Publicis comprou uma participação de 70% da DPZ e poderá, em três anos, exercer o direito de adquirir a fatia restante.
O valor da negociação não foi informado. Porém, segundo fontes do mercado ouvidas pela Folha, a transação foi fechada em torno de R$ 120 milhões.
Segundo o último levantamento do Ibope Monitor, a DPZ era a 21ª maior agência brasileira.
O atual presidente da DPZ, Flavio Conti, será mantido no cargo e garante que a estrutura da empresa não sofrerá modificações.
"É prudente que não se mexa em nada. A escolha do Publicis como sócio foi fortemente influenciada pelo fato de eles manterem a individualidade das empresas em que compram participações", disse Conti.
Segundo ele, a DPZ responderá diretamente ao controlador francês, sem ficar subordinada a outras empresas do grupo.
Fundada pelos publicitários Roberto Duailibi, Francesc Petit e José Zaragoza em São Paulo há 43 anos, a DPZ enfrentava dificuldades para se manter competitiva diante do processo de consolidação do setor.
DECADÊNCIA
Fontes ouvidas pela Folha destacaram a decadência da agência, após a entrada de novos e maiores grupos de publicidade no setor.
A DPZ já chegou a figurar entre as cinco maiores agências de publicidade do país na década de 1990, mas não terminou 2010 nem mesmo entre as 20 maiores.
Ainda assim, a empresa era dona de contas importantes, como as do Itaú-Unibanco, Sadia, Vivo, Bombril, Campari, entre outras.
De acordo com Conti, um dos principais motivos da venda para o Publicis é a possibilidade de atender a clientes locais que mantêm operações no exterior, a exemplo da Sadia.
"Precisávamos de um alavanca para oferecer soluções a empresas internacionalizadas. Além disso, a ideia agora é ganhar novas contas", afirma Conti.
Em 2010, a DPZ faturou R$ 510 milhões. Este ano, estima receitas de R$ 600 milhões.
A negociação durou oito meses e teve a intermediação financeira de Eduardo Steiner, da Results International.
A elaboração do contrato foi realizada pelo escritório Rodrigues Barbosa, Mac Dowell de Figueiredo, Gasparian Advogados.
Veículo: Folha de S.Paulo