Para onde vai a citricultura, após as mudanças no setor?

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A citricultura brasileira ainda tem muita importância para o mercado mundial, pois 80% do suco tomado no mundo sai dos pomares e das indústrias brasileiras.
Muitas mudanças ocorreram nos anos recentes. Em 2004, houve o primeiro registro de greening, na região de Araraquara.

 

Uma ironia, já que na década de 1960 a região foi palco do impulso da citricultura e das primeiras indústrias de suco, a Cutrale e a Citrosuco.
Paralelamente, as áreas de produção de citros do Brasil e da Flórida caíram drasticamente. Desde o final da década de 1990, São Paulo perdeu mais de 200 mil hectares (24%) e a Flórida perdeu 35% de sua área.

 

Queda que ocorreu muito mais pela baixa margem de lucros do que por problemas fitossanitários.
Um recente trabalho encomendado à Markestrat, pela Citrus BR, mostrou que mais da metade dos 23 mil recenseados em 1995 não estão mais na atividade.

 

Quem ficou no negócio foram aqueles que investiram em tecnologia e conseguiram atingir boas produtividades e também os que evoluíram em gestão administrativa e comercial, conseguindo boas negociações com a indústria e/ou com o mercado interno. É cruel, mas é fato.

 

Outro fator importante foi a redução do consumo de suco de laranja nos principais mercados consumidores, Europa e Estados Unidos.
Em 2003, o mundo consumia 2,6 milhões de toneladas. Cinco anos depois, foram 2,2 milhões de toneladas.

 

Além disso, a forte mudança em direção aos produtos de maior valor agregado fez com que as indústrias do Brasil e da Flórida investissem mais em suco pasteurizado.
Essa decisão reduziu fortemente a produção de sucos concentrados (FCOJ).

 

Não há dúvidas de que esses acontecimentos interferirão de forma decisiva nos próximos anos. E todos os atores da cadeia do setor serão atingidos. Os produtores devem estar atentos à adoção de tecnologias que aliam produtividade à sustentabilidade.

 

Deverão também olhar com mais atenção o mercado interno brasileiro, cujo consumo tende a aumentar na medida em que o poder aquisitivo da população cresce.
As indústrias, por sua vez, terão de ganhar mais em escala de produção e logística, melhorando ainda mais a rentabilidade do NFC e de outros produtos de maior valor agregado.

 

Se a análise estiver correta, ou o mercado irá encolher e poucos tomarão suco de laranja a um preço muito alto, ou encontramos um sistema de produção consolidado -produção agrícola mais industrial- mais competitivo.

 

Mesmo com tantos acontecimentos importantes na história recente da citricultura mundial, as principais questões a serem dominadas são o controle do greening e a maior estabilidade para a rentabilidade do setor.

 

O equacionamento desses problemas depende fundamentalmente da união de forças entre citricultores e indústria. Os dois principais elos da cadeia devem deixar diferenças históricas para buscar soluções efetivas para o setor. E logo.

 

Veículo: Folha de S.Paulo


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