No final de julho acontece em São Paulo a 7ª Feira Internacional de Produtos Orgânicos e Agroecologia, a Bio Brazil Fair. Ao longo das últimas seis edições, segundo os organizadores, o total de expositores saltou de 160 para 230, com mix de produtos mais amplo, acrescentando às frutas, legumes e verduras, itens industrializados.
Os especialistas, de uma maneira geral, preveem bons ventos para o setor, a despeito das dificuldades que ainda impedem o crescimento mais acelerado do mercado, formado majoritariamente por empreendimentos de pequeno porte.
O setor tem lei própria (nº 10.831) desde dezembro de 2003 e a partir de janeiro deste ano seus produtos orgânicos, para serem comercializados, precisam de certificação sob controle oficial. Ela resulta em um selo, para que o consumidor tenha clareza sobre o processo de produção e o tipo de certificação obtida (confira as alternativas em www.prefiraorganicos.com.br).
No Brasil há 13.220 unidades de produção de orgânicos controladas e elas serão pelo menos 28 mil até 2015, estimou o coordenador de agroecologia do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Rogério Dias. "Em 2011 estamos complementando regulamentos para que mais produtos possam ser regularizados", afirmou Dias.
No início de junho, o governo anunciou as normas técnicas para a aquicultura orgânica "Recentemente também regulamentamos os têxteis (algodão) para roupas orgânicas, e em agosto deve sair a Instrução Normativa para sementes e cogumelos", acrescentou Dias.
Na parte do governo, segundo ele, há políticas indutoras de consumo, como a compra de produtos para compor cestas básicas, e a nova legislação de alimentação escolar, "um potencial de 40 milhões de refeições-dia". Dias comentou que há um crescimento mundial do mercado impulsionado pela articulação dos produtores e também pelo melhor entendimento dos consumidores sobre os produtos.
Os números do mercado, porém, ainda são bem distantes dos aproximados 90,5 mil produtores brasileiros que declararam trabalhar com agricultura orgânica, segundo apurou o Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2006.
coordenador do Mapa analisou que a diferença se dá porque muitas pessoas se dizem produtores orgânicos apenas por não usar agrotóxicos no processo produtivo, "mas quando buscam pela certificação se deparam com outras exigências".
Conceito – De acordo com o ministério, o orgânico tem que ser produzido em ambiente onde se utilizam como base do processo produtivo os princípios agroecológicos, com uso responsável do solo, da água, do ar e demais recursos naturais, respeitando as relações sociais e culturais. É uma produção não permite o uso de substâncias que coloquem em risco a saúde humana e o meio ambiente, como fertilizantes sintéticos solúveis, agrotóxicos e transgênicos.
Gargalos – Para os empresários do ramo, geralmente donos de pequenas propriedades, a distribuição da produção é um empecilho para expandir o negócio. A falta de escala inviabiliza a montagem de um grande sistema de logística, embora alimente mecanismos de venda direta. As feiras do ramo, como a que acontece no Parque da Água Branca, na capital paulista (às terça-férias, sábados e domingos) são algumas das alternativas.
A feira da Água Branca reúne cerca de 40 expositores, filiados à Associação de Agricultura Orgânica (AAO), de São Paulo, e é uma das mais tradicionais do País. Falta ao setor, segundo o secretário executivo da entidade, Marcio Stanziani, apoio com assistência técnica especializada na agricultura orgânica – a conversão de uma propriedade para esse tipo de produção demanda cerca de dois anos – e crédito (uma certificação simples custa pelo menos R$ 2 mil). "A falta de assistência técnica é um dos maiores desafios", concordou Dias. Ele afirma que o Mapa trabalha em parceria com o MEC, e também com algumas ONGs para criar uma rede que supra essa demanda.
Veículo: Diário do Comércio - SP