Brasil Foods terá que vender 'pacote de marcas'

Leia em 3min 10s

Concorrência: Na visão do Cade, negócio teria que ser feito com uma única empresa para criar um concorrente efetivo.

 

Na véspera de decidir o destino da BRF- Brasil Foods, empresa de alimentos formada com a compra da Sadia pela Perdigão, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) ainda traça as linhas finais de um possível acordo com a empresa.

 

Após um período de negociações bastante duras, no qual o Cade estudou até a possibilidade de intervir na Sadia para determinar o desfazimento do negócio, a tendência do conselho é a de concordar com a venda de um pacote grande de marcas e ativos para uma companhia só de modo a criar um concorrente efetivo da BRF.

 

Essa venda deve ser aliada a outras medidas, como a suspensão da marca Perdigão.

 

O objetivo é que a empresa que adquirir os ativos da BRF e outros concorrentes que estão no mercado tenham melhores condições de disputar a preferência do consumidor na ausência da marca Perdigão.

 

Apesar de a suspensão de uma marca ter sido utilizada num caso famoso, nos anos 90, - a compra da Kolynos pela Colgate -, o Cade deve inovar na medida. No caso Kolynos, a Colgate soube ocupar o espaço deixado pela suspensão da marca e lançou uma outra, a Sorriso. Isso gerou críticas ao órgão antitruste, pois a Colgate logo criou outra marca para ocupar a participação de mercado que, antes, era da Kolynos, numa espécie de "drible" na decisão.

 

Agora, os conselheiros não querem que a BRF crie uma Sorriso para ocupar o espaço da Perdigão e estudam salvaguardas neste sentido, que vão desde restrições pontuais no uso da marca em vários mercados até a proibição geral da Perdigão por até cinco anos.

 

Segundo uma fonte que está acompanhando as negociações, a comparação com o caso Kolynos não faz muito sentido, pois aquele caso envolveu apenas o mercado de cremes dentais, enquanto, no atual, trata-se de marca que está presente em vários mercados. Outra diferença é que naquele caso não houve a proibição de a empresa lançar marca nova. Agora, o Cade está avaliando formas para que não surja mais uma Sorriso.

 

Além da suspensão da Perdigão e da eventual proibição de a BRF lançar marcas novas, o conselho estuda formas de vender marcas menores, como Resende, Confiança, Wilson, Escolha Saudável e Batavo. Por fim, o pacote do Cade também envolve a venda de cadeias inteiras de produção e de distribuição, que vão desde o sistema de abates de animais até a chegada do produto aos pontos de venda.

 

Essas cadeias são regionais e localizadas em diversos Estados, mas os conselheiros estudam vendê-las para uma companhia só. O objetivo é fazer com que a Brasil Foods tenha um concorrente nacional efetivo.

 

De acordo com outra fonte que acompanha as negociações, esse concorrente precisa ter escala de produção e de distribuição nacional, caso contrário não vai conseguir fazer frente à BRF. "As mini-BRFs (como estão sendo chamadas as cadeias) devem ser integradas", afirmou essa fonte. "Elas não podem ser vendidas para várias empresas, senão elas não terão escala (para competir com a BRF)", completou.

 

O julgamento da compra da Sadia pela Perdigão é o primeiro item da pauta de amanhã do Cade. Até aqui, houve apenas o voto do relator, conselheiro Carlos Ragazzo, e esse foi pela desconstituição do negócio. Falta o voto de mais quatro conselheiros.

 

O segundo item da pauta de amanhã é a compra da rede Sendas pelo Pão de Açúcar. A sessão terá início às 10 horas.

 

Veículo: Valor Econômico


Veja também

Walmart tem interesse nas lojas sobrepostas com união das empresas

O Walmart vai tentar se beneficiar de alguma forma da fusão entre o Carrefour e o grupo Pão de Aç&u...

Veja mais
Consumo global de lácteos deve crescer 30% até 2020

A demanda por produtos lácteos líquidos no mundo deve crescer 30% entre 2010 e 2020, de acordo com o Tetra...

Veja mais
Bons ventos para os alimentos orgânicos

No final de julho acontece em São Paulo a 7ª Feira Internacional de Produtos Orgânicos e Agroecologia,...

Veja mais
Barry Callebaut vende unidade

A suíça Barry Callebaut, maior fornecedora mundial de chocolates para a indústria, negociou a venda...

Veja mais
Dispositivos móveis dão novo fôlego a periféricos

Itens para notebooks representam 60% das vendas totais   Quem esperava uma retração no mercado de ...

Veja mais
Alta de matéria-prima pode elevar preços do leite longa vida no país

A alta dos preços do leite aos produtores em decorrência do clima adverso - seca prolongada no Sudeste e Ce...

Veja mais
Cade e BRF estão perto de fechar acordo

Fusão pode sair em sessão de amanhã, prevendo suspensão da marca Perdigão   O ...

Veja mais
Abilio busca saída honrosa com o Casino

Sem acordo entre acionistas, BNDES se prepara para sair da operação 'Carreçúcar', em que ent...

Veja mais
Para onde vai a citricultura, após as mudanças no setor?

A citricultura brasileira ainda tem muita importância para o mercado mundial, pois 80% do suco tomado no mundo sai...

Veja mais