Itens para notebooks representam 60% das vendas totais
Quem esperava uma retração no mercado de periféricos por conta do avanço nas vendas de notebooks, netbooks e tablets pode se surpreender com o desempenho do setor no Brasil. As vendas de periféricos - um mercado composto por dispositivos como câmeras, teclados, mouses e impressoras - cresceram a uma taxa de 30% no primeiro semestre, de acordo estimativa média de empresas ouvidas pelo Valor.
O levantamento mais recente da consultoria GfK Retail and Technology Brasil, referente ao primeiro trimestre, apresentava uma taxa de expansão de 25% nas vendas do varejo, com faturamento de R$ 612 milhões no período. Aproximadamente dois terços dessa receita é originada nas vendas de impressoras, segmento que cresce a uma taxa pouco superior a 10% ao ano. As vendas de teclados foram as que mais aumentaram no período, com variação de 70%.
De acordo com os fabricantes de periféricos, aproximadamente 60% das vendas totais do mercado são de itens para computadores portáteis (notebooks, tablets e netbooks) e smartphones. Além dos tradicionais mouses, joysticks para consoles de jogos, fones, teclados e webcams, também ganharam importância produtos como mochilas, capas, carregadores e suportes para notebooks.
"Hoje, 75% do que vendemos no varejo já está relacionado aos notebooks. Acredito que dentro de um ano os acessórios para desktops ficarão restritos ao mercado empresarial", afirma Mauro Borges, diretor comercial da Clone, um dos cinco maiores fabricantes do setor no país. No ano, o executivo estima que o mercado de periféricos crescerá 35%, impulsionado pelo segmento de acessórios para notebooks e jogos. Em contrapartida, ele prevê uma queda acentuada nos itens voltados aos computadores de mesa (desktops).
De acordo com o executivo, a preferência do consumidor pelos computadores portáteis abriu espaço para a venda de periféricos de maior valor agregado. Grande parte dos consumidores já não aceita produtos básicos, o que até há pouco tempo era uma tônica no setor de periféricos. "O mercado está saindo de uma fase de competir apenas pelo preço para a disputa no plano dos diferenciais técnicos e de design", diz Borges.
Para Diego Ferrari, gerente de produtos da Genius-KYE, sediada em Taiwan, o fato de os fabricantes de periféricos estarem concentrados na Ásia - onde também são produzidos os tablets e smartphones - facilita o desenvolvimento de acessórios mais adequados a esses dispositivos. "No passado, os periféricos eram lançados meses após o lançamento dos computadores. Hoje, eles são colocados no mercado simultaneamente", diz Ferrari. O executivo prevê para a Genius-KYE um crescimento nas vendas de 30% no Brasil neste ano.
Guilherme Amoroso, gerente da área de acessórios da Lenovo, diz que a evolução da tecnologia permitiu que as empresas passassem a desenvolver produtos diferenciados, que aprimoram a experiência do consumidor. "Você tem, por exemplo, mouses sem fio com diferentes aplicações. Antes, os recursos eram limitados", afirma. A previsão é de que as vendas de periféricos da Lenovo vão crescer 50% neste ano no Brasil. No ano passado, o índice foi de 25%.
Para a americana Razer, companhia especializada em acessórios para jogos que atua no Brasil há cinco anos, o mercado está hoje em sua melhor fase. O segmento de games, segundo projeções da Warner Games, vai crescer neste ano 28%, enquanto para o mercado de computadores a estimativa da IDC é de um incremento próximo de 15%, para 15,7 milhões de unidades.
Vitor Martins, diretor da Razer para América Latina, afirma que os produtos da empresa chegam ao varejo a preços pelo menos 20% mais altos que os de concorrentes como Microsoft e Lenovo. "Mas graças ao cenário de expansão da economia e ao aumento da demanda por games vendidos no mercado oficial, nossas vendas cresceram 140% no primeiro semestre", afirma. A expectativa da empresa é manter esse ritmo de expansão até o fim do ano, de acordo com o executivo.
A Clone, que também produz itens para jogos, prevê registrar incremento em vendas de 18%, em função do seu porte, afirma Borges. Atualmente, as cinco maiores companhias respondem por 50% das vendas de periféricos no país. As empresas pequenas e médias conseguem crescer a taxas mais elevadas, diz. "A Clone deve retomar um nível mais forte em 2012, depois do mercado passar por um refinamento. Hoje, o mercado enfrenta uma grande concorrência de pequenas e médias", diz.
A brasileira Integris atua no mercado há quatro anos. Tatiana Mancini, diretora comercial da empresa, diz que, enquanto o mercado de periféricos cresce a 30%, a Integris dobrou as vendas no primeiro semestre. "A expectativa é crescer 150% no ano, graças ao sucesso nas vendas de itens para notebooks", afirma. De um portfólio de 400 itens, 150 são voltados aos computadores portáteis.
Veículo: Valor Econômico