Produtos importados deverão estar mais baratos neste Natal. Com o dólar a R$ 1,55 — cotação de ontem, o menor valor em 12 anos — a tendência é que os itens vindos de fora se destaquem novamente e superem o crescimento nas vendas em geral em relação a 2010. Pelo menos essa é a expectativa do setor de supermercados.
“Esperamos que a venda de produtos importados cresça 10% no Natal. Enquanto que a previsão de alta em relação às compras em a geral é de 5% para o período”, diz o diretor de economia da Associação Paulista de Supermercados (Apas), Martinho Paiva Moreira.
Embora a alta nas vendas dos importados seja destaque, Moreira acredita que os preços dos produtos alimentícios não deverão sofrer uma queda tão expressiva — mesmo com a desvalorização de 6,55% no ano do dólar. “Os importados já vêm ficando mais baratos há alguns anos. Por isso, a redução de quase 7% na cotação do dólar não terá um impacto substancial no valor destes itens”, diz.
Para o coordenador do programa de comércio exterior da FIA, Celso Grisi, teremos “um Natal dos importados” devido à queda da moeda norte-americana. “A desvalorização que o dólar teve este ano deixa o consumidor em uma posição confortável. ”
O impacto no câmbio não é percebido somente nos importados. Há uma redução também nos produtos nacionais. “Se o dólar cai 10%, a inflação cai 1% (10% da queda)”, explica o professor de economia internacional do Ibmec, Reginaldo Nogueira.
Para o comércio, de uma forma geral, também é esperada alta nas vendas, embora o tamanho da redução do preço não seja consenso. “A expectativa é de aumento da participação dos importados para o Natal. Mas o valor dos produtos não deve mudar muito”, conta Marcel Solimeo, economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).
Para o economista, o aumento tem relação mais com a variedade de itens do que com o valor. “Os preços destes produtos já estão baixos. E percebemos mais tipos de mercadorias sendo importadas, inclusive roupas”, afirma.
Mais baratos
Além do setor de vestuário, outro segmento que tem forte influência do câmbio é o de eletroeletrônicos. “Todo eletrônico fabricado no País tem grande parte de componentes importados. Por isso, com a valorização do real eles ficam mais baratos”, aponta o presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Humberto Barbato.
Uma demonstração clara de que o consumidor percebe no bolso essa mudança cambial é a alta nas vendas. “Vendemos 20% mais computadores neste primeiro semestre do que no mesmo período de 2010”, diz Barbato.
Mas ele lembra o lado negativo do real valorizado. “Não há grande desemprego no setor, mas já percebemos redução na criação de vagas.” Na comparação com o primeiro semestre de 2010, a queda de postos abertos neste ano é de 60% – de 11.580 para 4.730.
Veículo: Jornal da Tarde - SP