Prejuízos na linha de TVs leva Sony a rever planos

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Howard Stringer, presidente do conselho da Sony, busca uma estratégia para estancar a queda de participação de mercado para Samsung e LGA Sony, que enfrenta o oitavo ano consecutivo de perdas com suas importantes operações com televisores, está se preparando para reorganizar o negócio para reduzir os custos e competir com a Samsung Electronics.

 

O plano poderá incluir parcerias e reorganização das atividades de compras, desenvolvimento de produtos e operações de vendas, informou Mami Imada, porta-voz da companhia em Tóquio, em resposta a questionamentos sobre uma reportagem publicada por um jornal. Os detalhes da reorganização poderão ser decididos este mês, disse a porta-voz.

 

O presidente do conselho de administração, Howard Stringer, que transferiu a produção para a Foxconn Technology Group e eliminou milhares de empregos, pode estar voltando suas atenções para o corte de custos, depois que os televisores em 3D e os aparelhos centrados na internet não conseguiram conter a queda da participação de mercado da Sony contra a Samsung e a LG. A companhia japonesa substituiu na semana passada o diretor da área de televisores e disse que não venderá a quantidade de unidades que havia antecipado.

 

"A Sony precisa fazer mudanças mais profundas na estrutura de seus negócios com televisores", diz Kota Ezawa, analista do Citigroup em Tóquio. "Vender suas fábricas pode ser apenas o primeiro passo."

 

O jornal "Nikkei" informou ontem que a Sony vai delinear seus planos para as operações com televisores, citando o diretor financeiro da companhia, Masaru Kato.

 

Fracasso na venda de aparelhos centrados na internet e 3D contribuiu para a queda do grupo japonês ante os rivais

 

A fabricantes dos televisores Bravia reduziu na semana passada suas estimativas de vendas e lucros, citando as vendas fracas nos EUA e na Europa. A Sony, que se recupera de três anos consecutivos de perdas, também reduziu sua meta de vendas de televisores para o ano em 19%, para 22 milhões de unidades.

 

A Sony também anunciou na semana passada que Yoshihisa Ishida, presidente da unidade de entretenimento doméstico, que produz os televisores, será substituído por Masashi Imamura, presidente da divisão de imagens pessoais, que produz câmeras. Ishida passará a ocupar o cargo de vice-presidente do conselho de administração da Sony Ericsson Mobile Communications.

 

Nos últimos dois anos, a Sony vendeu três fábricas, reduzindo o número de unidades produtoras de TVs espalhadas pelo mundo para quatro, como parte de seus esforços de redução de custos.

 

A Sony acertou no ano passado a venda de 90% de uma fábrica de televisores em Nitra, Eslováquia, para a Hon Hai Precision Industry, da Foxconn, depois de se desfazer de 90% de sua maior operação de produção de televisores na América do Norte para a Hon Hai, com sede em Taiwan. A Sony também decidiu vender uma fábrica de televisores em Barcelona, em setembro.

 

Edmund Ding, porta-voz da Hon Hai, não respondeu ligações para seu celular e telefones da empresa.

 

Outrora avaliada em mais de US$ 100 bilhões, a Sony perdeu metade de seu valor de mercado desde que Stringer se tornou o primeiro presidente-executivo não japonês da companhia, em 2005. A empresa, que inventou o televisor de tubo de raio catódico Trinitron, na década de 60, está avaliada em US$ 25 bilhões, menos de um quarto do tamanho da Samsung.

 

A Sony poderá não confiar mais em sua marca para obter vantagem. Desde que a Samsung a superou em termos de valor de marca, em 2005, a companhia sul-coreana ampliou sua liderança, cravando a 19ª posição na mais recente pesquisa anual Interbrand de marcas globais, ficando 15 posições acima da Sony.

 

Agarrar-se às operações com televisores pode estar custando caro para os acionistas. Analistas afirmam que as ações da Sony poderão subir depois que as vendas dos consoles de videogames PlayStation e das câmeras digitais Cyber-shot reforçarem os lucros este ano. Mas a separação do negócio deficitário de televisores do resto do grupo valorizaria o patrimônio para US$ 43 bilhões, segundo dados compilados pela Bloomberg.

 

Se vendesse a divisão de TVs, a Sony sairia de um negócio que deverá perder quase US$ 1 bilhão este ano, uma vez que muitos consumidores estão preferindo trocar os aparelhos de tela plana Bravia por marcas mais baratas. A unidade de televisores registrou vendas de 1,2 trilhão de ienes (US$ 15,5 bilhões) no ano passado, fazendo dela a maior fonte de receita da Sony, segundo dados da Bloomberg.

 

Shiro Kambe, principal porta-voz da Sony em Tóquio, disse na segunda-feira que a companhia nunca considerou a saída do negócio com televisores.

 

O fortalecimento do iene em comparação ao dólar e ao euro também está agravando as perdas da Sony.

 

A companhia disse na semana passada que as perdas com os negócios com televisores deverão ser tão grandes quanto o déficit de 75 bilhões de ienes registrado no exercício encerrado em março.

 

Se confirmadas, as perdas levarão os prejuízos da divisão de televisores a superar meio trilhão de ienes desde 2004, ou mais de US$ 5 bilhões com base no histórico cambial, segundo a Bloomberg

 

Stringer já eliminou 30 mil empregos, vendeu fábricas e transferiu produção para outros países num esforço para reaver os lucros.

 

"O plano de reorganização terá de ser grande o suficiente para surpreender o mercado", diz Keita Wakabayashi, analista da Mito Securities. "Poderá não ser fácil para a Sony surgir com algo novo para os investidores, depois de promover uma redução nos custos."

 

Veículo: Valor Econômico


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