Rede Pernambucanas muda comando

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A controladora Anita Harley ganha poder com saída do vice-presidente Frederico Lundgren da gestão

 

A Casas Pernambucanas, uma das maiores varejistas especializadas em artigos têxteis do país, promoveu uma mudança em seu comando. Isso deve fortalecer o poder nas mãos de Anita Louise Regina Harley, presidente da companhia e neta de um dos fundadores, num período em que outros sócios controladores da companhia podem ganhar força.

 

Assembleia de acionistas realizada em 28 de junho determinou a saída de Frederico Axel Lundgren, primo de Anita, da função executiva da empresa. Ele continua conselho. Diretor vice-presidente até a data da assembleia, Lundgren dividia o comando da varejista com Anita. A cada dois anos, um deles ocupava a cadeira de presidente e o outro, a função de vice, segundo acordo entre acionistas em vigor há pelo menos uma década.

 

Com formas diferentes de comandar - Lundgren e Anita são centralizadores, mas ela é mais conservadora - os controladores acertaram esse afastamento "numa decisão em comum acordo entre os acionistas", informou a empresa em nota. Mas as conversas para a saída, em princípio, não foram muito amistosas, segundo apurou o Valor.

 

Anita não se sentia confortável com o revezamento e entendia que isso já estaria sendo prejudicial à empresa, segundo fontes próximas a ela. Lundgren, por sua vez, quando na função de presidente, conseguia colocar na mesa alguns projetos estratégicos que defendia, envolvendo um crescimento orgânico maior. Era uma oportunidade que tentava usar bem, segundo uma fonte próxima a ele. "O problema é que, muitas vezes, com a Anita como maior acionista, era como dar murro em ponta de faca", diz um ex-diretor da rede.

 

Anita é a principal acionista do grupo, com 30% de participação, e até 2010 ela era a representante de um grupo de sobrinhos, donos de 25% das ações. O seu direito de representá-los era uma determinação do testamento da mãe de Anita, Erenita Lundgren, morta em 1990. Enquanto Anita é neta de Arthur, um dos fundadores da rede, Frederico Lundgren é neto de Alberto, outro fundador da cadeia.

 

Com 55% da empresa, Anita, sempre discretíssima e reservada, decidia e votava o que considerada certo. "Ele [Frederico Lundgren] já tentou se articular algumas vezes com outros acionistas mais próximos dele, mas era vencido muitas vezes", afirma o ex-diretor.

 

A saída de Lundgren acontece num período em que Anita pode ter que se articular para não perder força dentro da cadeia. Com o fim de seu direito de representar o grupo de sobrinhos, controladores de uma das empresas acionárias, fontes próximas à rede acreditam em possíveis mudanças à vista. Ao se aproximar desse grupo de acionistas, Lundgren poderia ganhar uma voz maior no conselho. E por esse caminho, fortalecer posição.

 

Há informações no mercado de que Anita teria interesse antigo em ampliar a sua participação no negócio, por meio da compra de ações de outros acionistas da empresa, dividido em grupos dentro do conselho. A companhia não confirma a informação e relata em nota que "não ocorreu nem está prevista qualquer mudança na composição acionária da rede".

 

Com receita líquida de R$ 3,6 bilhões em 2010, a empresa cresceu 13,4% no ano passado, com expansão no lucro operacional de 32%. Mas não é um crescimento sustentado por investimentos em novos canais de vendas. O ritmo de abertura de pontos tem sido lento, algo que reflete, de certa forma, a maneira cautelosa de gerir de Anita Harley. A rede não tem participado do movimento de aquisições do mercado e de forte crescimento orgânico do setor. A Pernambucanas soma 274 pontos hoje, contra 272 em dezembro do ano passado.

 

Veículo: Valor Econômico


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