Conheça a trajetória do pernambucano Richard Saunders, que criou a Eletro Shopping e hoje é sócio da Máquina de Vendas, a vice-líder do varejo de eletroeletrônicos no País
Na juventude, o pernambucano Richard Saunders, 39 anos, dono da Eletro Shopping, complementava a renda vendendo camarão no Recife. Vinte e seis anos depois, ele desponta como o mais novo sócio da Máquina de Vendas. Resultado da fusão de Ricardo Eletro, Insinuante e City Lar, a empresa voltou, graças à adesão de Saunders, a ser a segunda maior potência do varejo brasileiro, com faturamento projetado de R$ 7,2 bilhões para 2011. Atrás apenas da Nova Casas Bahia, que reúne os ativos de Extra Eletro, Ponto Frio e Casas Bahia, e à frente do Magazine Luiza. Saunders, no entanto, mal teve tempo de digerir sua entrada no clube das empresas bilionárias.
Na sequência do anúncio da parceria, que teria lhe rendido R$ 160 milhões, viajou para Paulista, no interior do Pernambuco, onde cortou a fita de inauguração do maior centro de distribuição da sua rede de 150 lojas, com um investimento de R$ 25 milhões que vai reforçar o poder da Máquina de Vendas no Nordeste. Em seguida, o empresário ciceroneou os convidados para o camarote de um megashow, realizado no estádio Ilha do Retiro, na capital. Na festa, ele comemorou os 17 anos da Eletro Shopping. “Nunca imaginei que chegaria tão longe”, disse Saunders à DINHEIRO. O embrião de sua rede foi a loja de material de construção da família. Ele assumiu o negócio em 1989 sob a bênção do pai, Edward Saunders. Ele diz que a experiência fez com que aprendesse o bê-á-bá dos negócios. “Comprava, vendia, emitia nota fiscal, descarregava o caminhão e fazia entregas.
Até ficava em fila de banco para pagar duplicatas”, afirma. “Na vida, a gente só aprende apanhando.” Foi a partir desse negócio que nasceu a Eletro Shopping em 1994. Com o Plano Real, ele percebeu que o momento era favorável para vender eletroeletrônicos e inaugurou a primeira unidade da rede no bairro de Casa Amarela, na zona norte do Recife. Em 2010, a receita da rede já somava R$ 800 milhões. Esse porte acabou chamando a atenção do empresários Ricardo Nunes e Luiz Carlos Batista, controladores da Máquina de Vendas, que o convidaram para entrar na sociedade. “São empresários jovens, ativos, que tocam o varejo na linha de frente”, afirma Alberto Serrentino, sócio da consultoria GS&MD – Gouvêa de Souza. Hoje, a Eletro Shopping é uma potência regional que conta com lojas espalhadas por seis Estados nordestinos. Com sua incorporação, a Máquina de Vendas assumiu a dianteira do setor de varejo no Nordeste.
Força nordestina: as 150 lojas da Eletro Shopping cresceram apostando em promoções agressivas e nas vendas parceladas em carnê
São 300 lojas, combinando as da Eletro Shopping com as da Insinuante, o dobro das operadas pelo Magazine Luiza. O estilo de gestão de Saunders é o que fez a diferença. “Sempre apostei nas promoções agressivas e no atendimento diferenciado”, diz. A forte participação de vendas com carnê é outra característica de sua rede. Foram esses fatores que atraíram a Samsung. A fabricante sul-coreana de equipamentos eletroeletrônicos fez um acordo com Saunders para que ele abrisse, no Recife, uma loja conceito de sua marca. Trata-se da única, entre as seis unidades do gênero, no mundo, que vende produtos. As demais funcionam apenas como showroom. O talento comercial veio cedo. “Desde menino, gosto de comprar e vender”, diz. Aos 13 anos, junto com um amigo, viajava 78 quilômetros de Recife até a Barra de Sirinhaém, no sul do Estado, às sextas-feiras. Lá, compravam camarões dos pescadores, deixando um cheque pré-datado para a terça-feira seguinte. No fim de semana, percorriam os restaurantes da capital revendendo os frutos do mar a tempo de quitar a fatura e embolsar o lucro.
Veículo: Revista Isto É Dinheiro