"Ideia era boa e Walmart ameaça comprar", diz Abílio

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Mostrar ao mercado o tamanho do negócio de varejo que seria o resultado de uma fusão com o Carrefour, no Brasil. Foi este o tom do comentário do empresário Abílio Diniz ontem, ao reforçar a notícia de que, depois do fracasso da tentativa de fusão do Carrefour e o Grupo Pão de Açúcar (GPA), a companhia francesa estaria negociando a venda das suas operações no Brasil ao Walmart. "Recebi um caminhão de críticas ao propor a fusão com o Carrefour", escreveu o executivo no Twitter. "A ideia era tão boa que o Walmart ameaça comprá-la", afirmou.

 

Apesar da crítica direcionada aos sócios do Casino, contrários à fusão com o GPA, Abílio parece não ter o respaldo de boa parte dos analistas a respeito da possível aquisição por parte da maior rede mundial do varejo, a norte-americana Walmart. A suposta negociação foi vista como boato por especialistas em varejo. Já as empresas envolvidas relutam em confirmar a negociação. "Não comentamos rumores", foi a resposta dada pelas companhias. Uma fonte ligada à central francesa do Carrefour afirmou categoricamente ao DCI: "Não temos essa informação. Isso é rumor".

 

Desde que houve o malogro da proposta de fusão entre o Carrefour e o GPA, agentes do mercado passaram a comentar que o próximo episódio a envolver a companhia internacional, em crise na França, seria justamente uma ação de venda ou fusão com o Walmart, que ocupa o terceiro lugar no ranking brasileiro do setor supermercadista. "Não é possível, Carrefour e Walmart são inimigos pelo mundo", opinou Antônio Carlos Ascar, que atualmente presta serviços de consultoria à Associação Brasileira de Supermercados (Abras).

 

Referindo-se à suposta negociação que ontem circulou pelo noticiário econômico, com a experiência de 31 anos como diretor Corporativo do GPA, Ascar é enfático: "Seria um desastre para o Brasil [a aquisição do Carrefour pelo Walmart], embora menor que a fusão do GPA com o Carrefour", disse. Sua avaliação tem dois motivos: 1) seria melhor o 2º e o 3º lugares do setor se unirem do que o 1º e o 2º, quando se pensa em vantagens para o consumidor; 2) o GPA, na visão do ex-diretor do grupo, não se preocupa em segurar os preços. "Margens de preço menores: esta é a filosofia dos supermercados desde que surgiram, na década de '30. O GPA não pratica isso; o Walmart, sim", afirmou Ascar.

 

É bom lembrar que, em meados de setembro, o presidente brasileiro do Walmart, Marcos Samaha, afirmou que a rede de supermercados está focada no crescimento orgânico dentro do País, onde não prevê aquisições em 2011. Em 2009, a companhia já havia negociado com o Carrefour, mas ambos divergiram e não chegaram a fechar negócio. "Mas agora o Carrefour está numa situação diferente", disse Claudio Felisoni, que coordena o Programa de Administração do Varejo (Provar). "O Carrefour está mais barato."

 

Na visão do professor, o Walmart é o candidato ideal para ficar com as operações brasileiras do grupo francês, o que seria menos prejudicial (ao consumidor e à concorrência) do que a fusão com o GPA, que criaria um gigante varejista com poder sobre 69% do mercado paulista, por exemplo.

 

Fato é que o Carrefour, como se diz no popular, "vai mal das pernas" em Paris. A prova mais recente disso é o rebaixamento de cargo promovido pela empresa na semana passada: o vice-presidente de Finanças, Pierre Bouchut, foi mandado para a diretoria de mercados emergentes - justo onde, diga-se, de passagem, a casa parece estar "à venda".

 

A cúpula da companhia francesa está concentrada em satisfazer as demandas dos investidores, que perderam a confiança no negócio após ter havido a projeção de um resultado negativo (23% para baixo) para o primeiro semestre - a conta sai no dia 31 de agosto. Em função desta expectativa, as ações do Carrefour caíram, em julho, ao menor nível registrado nos últimos dois anos.

 

Leite derramado

 

A crise em Paris havia culminado, no Brasil, no que poderia ter sido um dos maiores negócios do varejo mundial. O presidente do conselho do Grupo Pão de Açúcar (GPA), Abílio Diniz, voltou a se lamentar, ontem, por meio do seu Twitter, justificando que o "grande erro" da proposta de fusão foi o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). "Sobre o BNDES, repito: foi nosso grande erro", escreveu o empresário.

 

Veículo: DCI


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