Os pecuaristas de leite em Minas Gerais enfrentaram em julho mais um período no qual os reajustes nos custos dos insumos foram superiores ao registrado nos preços pagos pelo litro ao produtor. De acordo com o Índice de Custo de Produção de Leite (ICPLeite), elaborado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, unidade Gado de Leite (Embrapa Gado de Leite), o índice teve um reajuste de 0,81% em julho se comparado com o registrado em junho. No mesmo período, a alta observada na média da cotação do leite no Estado foi de 0,40%, segundo os dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
De acordo com o analista da Embrapa Gado de Leite, Alziro Vasconcelos Carneiro, o resultado observado em julho confirma as previsões que apontavam para manutenção da alta nos preços de insumos utilizados nos sistemas de produção de leite, principalmente com o milho. "Na verdade, os preços dos insumos continuaram a trajetória de alta que vem sendo observada desde o mês julho de 2010".
Em julho o grupo de insumos que apresentou maior alta foi o de reprodução, com variação de 5,37%, devido à valorização nos preços de insumos utilizados na inseminação artificial, principalmente no preço de sêmen.
Outros grupos que apresentaram variações positivas foram o de qualidade do leite, com alta de 5,05%, ocasionada pelo aumento nos preços dos detergentes utilizados para limpeza de equipamentos de ordenha e de tanques para armazenagem e resfriamento do leite; seguido pelo de sanidade, alta de 3,81%, devido à variação positiva nos preços de medicamentos e vacinas para uso veterinário; produção e compra de volumosos, de 1,48%, impulsionado principalmente pelo aumento no preço de insumos que são utilizados na produção de silagem.
Também foram observadas valorizações, porém em menor escala, nos preços pagos pela energia e combustível, de 0,89%, devido ao reajuste nos preços de combustíveis. Os grupos de mão de obra e concentrado tiveram variação positiva de 0,52% e 0,25% respectivamente.
Variações - Na comparação entre julho e junho, o único grupo que apresentou deflação foi sal mineral, com queda de 1,59%. Essa queda ocorreu devido às oscilações nos preços do sal comum e de alguns componentes do sal mineral. "No caso dos insumos que compõem o grupo concentrado, a variação ocorreu, principalmente, nos preços de farelo de soja, milho e ração para vacas leiteira. Considerando o cenário atual do mercado de milho e soja, insumos esses que influenciam diretamente nos preços dos demais concentrados energéticos e protéicos, é de se esperar que as despesas com a alimentação das vacas passe a onerar mais o custo de produção nos próximos meses".
A alta dos custos ficou novamente acima do reajuste no preço do leite. A situação do pecuarista de leite é desfavorável, principalmente pelo período de frio e seca, o que compromete a oferta de pastagem e obriga o produtor a investir na compra de concentrado para alimentar o rebanho. Segundo os dados do Cepea, o valor pago aos pecuaristas do Estado pelo litro do produto encerrou o julho com valorização de 0,4% e preços médios de R$ 0,87.
O ICPLeite/Embrapa acumulado nos sete primeiros meses do ano apresentou alta de 12,06%. No período, todos os grupos de insumo apresentaram variação positiva. As altas mais significativas foram identificadas nos grupos de reprodução, 23,63%; produção e compra de volumosos, 23,54%; qualidade do leite, 22,56%; concentrado, 8,61%; sanidade, 8,38%; mão de obra, 7,83%; energia e combustível, de 5,27% e Sal mineral com alta de 4,85%.
Produção - De acordo com o relatório da Embrapa Gado de Leite, no grupo produção e compra de volumosos, a variação ocorreu principalmente nos preços de insumos que são utilizados para produção de cana-de-açúcar, silagem e manutenção das pastagens. No grupo concentrado a alta é justificada pelo aumento verificado nos preços dos insumos utilizados para fabricação de rações para vacas, principalmente farelo de soja, milho e poupa cítrica.
Nos últimos 12 meses a alta verificada no ICPLeite/Embrapa é significativa e atingiu 19,53%. As maiores altas ocorreram nos insumos relacionados à alimentação bovina, reprodução e à qualidade do leite.
O aumento nos preços dos insumos no grupo produção e compra de volumosos foi de 31,39% e ocorreu, principalmente, naqueles utilizados para o plantio do milho e de cana-de-açúcar. No grupo de concentrado a alta nos últimos 12 meses chegou a 17,37%.
Veículo: Diário do Comércio - MG