Grupo abre guerra contra papel importado

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Quatro fabricantes de papel-cartão, produto que atende ao nicho do bilionário do mercado de embalagens, vão abrir nas próximas semana um novo front na guerra contra as importações. O alvo: defender o mercado de, pelo menos, R$ 1,5 bilhão.



A chamada "Aliança Papel-Cartão Sustentável" será uma iniciativa à parte das ações que já são comandadas pela Bracelpa, a associação brasileira do setor de papel e celulose. A ação, que terá duração de 18 meses, custará R$ 5 milhões e será bancada pelas fabricantes Klabin, Suzano, Papirus e Ibema. Juntas, essas empresas dominam mais de 80% do fornecimento de papel-cartão no país.



Elas alegam fortes prejuízos com a expansão das importações de papel-cartão nos últimos anos. São dois os problemas: a importação de papel fabricado por indústrias que não respeitam normas de sustentabilidade, criando uma espécie de dumping; e desvio do chamado "papel imune", produto beneficiado com isenção fiscal no uso editorial. Parte desse produto, alega o setor, é desviado para uso comercial.



O setor diz que esses dois problemas permitem o ingresso de papel no Brasil com preços 38% inferiores aos nacionais. "Não há uma única indústria desse segmento que possua uma margem dessa magnitude", reclama o presidente da Papirus, Antônio Cláudio Salce.



Os alvos são os asiáticos. "Essas empresas estão sendo expulsas da Europa e dos Estados Unidos. Quando exportamos, somos obrigados a apresentar nossas certificações reconhecidas no mundo. O que queremos é que para entrar no Brasil isso também seja observado", diz o diretor comercial da Klabin, Edgard Avezum Júnior.



Para isso, a Aliança tentará mobilizar mais de 300 empresas no Brasil, todas consumidoras de papel-cartão. A ideia é levá-las a adotar certificação que possa referendar a custódia de papéis produzidos sob os princípios de sustentabilidade, portanto, sem preços artificiais.



Para isso, o grupo já escolheu a instituição certificadora: a FSC (Forest Stewardship Council), que tem uma representação no Brasil e é a mesma que certifica o setor papeleiro nacional. Além disso, a Aliança quer trazer as empresas para dentro do fórum.



Essa é mais uma forma, sutil e eficiente, de manter clientes vinculados aos produtores nacionais. A avaliação da Aliança é que isso será suficiente para deter a invasão de papel com certificações não reconhecidas no mundo.



Se não for, o grupo não descarta o uso da guerra de informações, como a denúncia de empresas ou marcas que usam papel que consideram de origem suspeita.  parte de uma guerra comercial que está só começando.



A Asia Pulp & Paper Co. (APP), que deve vender 140 mil toneladas de papel no país este ano, criticou o plano das quatro indústrias brasileiras de papel-cartão. "Se a meta é conscientizar, dou apoio. Mas não parece ser esse o objetivo. A indústria quer preservar mercado, não conscientizar", diz o diretor da APP, Geraldo Ferreira.



Para ele, não faz sentido exigir certificação única a fim de segregar fabricantes. "Não existe uma única certificadora. A APP é certificada pela PEFC (Programme for the Endorsement of Forest Certification)", diz. A indústria nacional adota a FSC, e diz que o mundo não reconhece outras certificadoras de produtos florestais. (FP)



Veículo: Diário do Comércio - MG


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