Setor atacadista sente o baque da inflação dos produtos de primeira necessidade e revê para baixo sua expectativa de crescimento em 2008
A forte inflação acumulada nos itens que compõem a cesta básica dos brasileiros teve impacto direto no desempenho do comércio atacadista durante o primeiro semestre. Com isso, o setor reduziu de 8% para 5,5% a expectativa de crescimento em 2008. A alta de preços – em média superior a 50% entre os produtos de primeira necessidade nos últimos 12 meses – reduziu o poder de compra das classes de renda mais baixa – nas quais se concentra a maioria dos clientes do pequeno e médio varejo.
De janeiro a junho, o segmento apresentou crescimento real de 3,5% na comparação com igual período de 2007. No entanto, o desempenho poderia ter sido melhor: até maio, a expansão era de 5,2%, mas a queda de 4,7% em junho puxou o índice para baixo. O resultado foi divulgado no início da tarde de ontem, na abertura da 28ª Convenção Anual do Atacadista e Distribuidor, feira que reúne 240 expositores e estima receber 30 mil visitantes – entre empresários do setor, representantes da indústria e do varejo – até a próxima quinta-feira no Expotrade Convention Center, em Pinhais, região metropolitana de Curitiba.
Estabilização
Para o presidente da Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (Abad), Geraldo Eduardo da Silva Caixeta, a expectativa de estabilização dos preços pode ajudar na recuperação do setor. “Os preços continuarão mais altos do que no ano passado, mas haverá uma acomodação em um patamar aceitável. E com a melhoria da renda, a tendência é que o consumo aumente”, avalia.
Segundo Caixeta, os atacadistas têm papel importante no combate à inflação. “A busca por escala reduz o custo do produto e pode alongar o período de reajuste de preços. Com a competitividade do setor, quem tenta ganhar no preço acaba não vendendo para o varejo”, afirma.
Com 2,5 mil estabelecimentos, o setor atacadista emprega diretamente 170 mil funcionários e corresponde a cerca de 5% do PIB brasileiro. Em 2007, os distribuidores atingiram um faturamento de R$ 105,8 bilhões, com crescimento real de 6,5% na comparação com 2006. Além disso, no ano passado, o setor foi responsável por 53,3% do total de alimentos comercializado pelo varejo, de acordo com dados da consultoria Nielsen. Em 2000, a participação do atacado nesse mercado era de 38%. Hoje, quase 1 milhão de pontos de venda são atendidos por atacadistas distribuidores no Brasil.
Veículo: Gazeta do Povo - PR