Concentração ganha força em BH.
Já se foi o tempo em que se afastar da concorrência era sinal de oportunidade para os lojistas. Hoje o movimento contrário é adotado pelo comércio que entende como favorável a proximidade com outras empresas do ramo. Prova disso, é a expansão dos corredores de compras na Capital. O modelo de negócios consolidado em locais como Barro Preto (moda) e Avenida Silviano Brandão (móveis) tem se replicado, atingindo novas regiões e segmentos.
O professor da Fatec Comércio, faculdade da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), Marco Aurélio Lins, diz que os comerciantes já entenderam o poder de atração dos polos segmentados, o que explica a difusão do conceito. Segundo ele, os corredores ganham força com o crescimento das cidades, porque oferecem mais facilidades para os consumidores.
Lins cita a avenida Nossa Senhora do Carmo, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, como um exemplo de endereço que tem sido transformado por essa tendência de mercado. "A avenida está virando um corredor de lojas de decoração, acabamento e material de construção", salienta.
Ele fala ainda sobre a avenida Cristiano Machado, na região Nordeste, que, há cerca de três anos, tem ganhado novas concessionárias de automóveis, se assemelhando assim, à Raja Gabaglia, que já concentra empresas desse setor.
Embora o corredor da Raja seja parada obrigatória para quem pensa em comprar um carro, a coordenadora do departamento de economia da Federação do Comércio de Minas Gerais (Fecomércio Minas), Silvânia de Araújo, destaca que o polo ganhou novas características nos últimos anos. Ela se refere ao fato de o endereço, antes dominado por lojas de importados, ter recebido revendas de veículos usados, por exemplo.
Agrupamento - Conforme Silvânia de Araújo, o comércio de bens duráveis é o que mais demanda esse tipo de agrupamento. Isso porque adquirir um produto de alto valor agregado exige mais pesquisa dos compradores, o que é facilitado com um grande número de lojas lado a lado.
Para o comerciante, a presença acirrada da concorrência é compensada pelo potencial competitivo que os "shoppings a céu aberto" inserem ao mercado. Entretanto, a coordenadora da Fecomércio salienta que se não forem bem planejadas, as lojas podem ser prejudicadas pelas estreitas margens de lucro - conseqüência do excesso de pontos de venda - e pela especulação imobiliária.
O professor da Fatec Comércio reitera a importância de as empresas terem estratégias bem definidas nesse caso, até para adquirirem diferenciais competitivos frente às outras companhias.
Para Lins, o movimento de criação de novos corredores de compras percebido na Capital reflete uma mudança no comportamento do consumidor e dos negócios e é uma tendência que deve ser mantida. Contudo, ele lembra que a consolidação desse conceito demanda mais tempo em comparação com o varejo diversificado.
O acadêmico faz a comparação para mostrar que enquanto os polos surgem a passos lentos, o comércio de bairro se fortalece impulsionado pelo maior poder de compra do brasileiro. "As lojas crescem especialmente nas regiões afastadas do hipercentro, decorrente da ascensão das classes C e D. Hoje o comércio do Betânia (região Oeste) e do Venda Nova, por exemplo, tem vida independente", afirma.
Veículo: Diário do Comércio - MG