Inovação é a chave para garantir mercados

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Inovar para surpreender é uma expressão bastante ouvida pelos empresários gaúchos que participam da Feira Anuga 2011. Ao percorrer os corredores dos 10 pavilhões do Centro de Exposições de Colônia, na Alemanha, os brasileiros ouvem de importadores, especialmente os europeus, que os mercados já estruturados contam com uma vasta oferta de produtos - ou seja, não falta nada. Por isso, para conquistar os consumidores de mais alto poder aquisitivo é preciso apostar em novidades para apresentar algo que ainda não esteja disponível no mercado.

Sócia-gerente da Aromatic Spices do Brasil, Cintia Brandenburger ouviu o desafio logo que chegou à feira ao participar de uma palestra ainda no sábado e já tratou de corresponder às expectativas dos importadores. Ao negociar com um tradicional panificador alemão, sugeriu novos usos para a farinha de frutas em pó produzida em Novo Hamburgo, novidade para o possível comprador que já atua há mais de um século na fabricação de pães. "Essa farinha é um alimento funcional, propriedade cada vez mais valorizada pelos consumidores", lembra Cintia, ressaltando outra exigência básica nos negócios que envolvem alimentos: ser saudável.

A Aromatic já exporta há quatro anos para o Japão. Na época, a iniciativa partiu dos importadores, interessados nos temperos para carnes e que levam anualmente pelo menos um contêiner de produtos. Agora, o desafio da empresária gaúcha é conquistar novos mercados. Por isso, além da farinha de frutas, Cintia está lançando duas linhas de temperos. Nas embalagens, o detalhe verde-amarelo ajuda a fazer referência ao Brasil. "Vendemos a bandeira brasileira, que é cada vez mais bem vista em todo o mundo", afirma a empresária que é atendida pelo Sebrae/RS e recebeu apoio da instituição para chegar à Alemanha.

Mesmo mais experiente no mercado externo e com alguns mercados consumidores mais consolidados, a fabricante de doces e balas Docile, de Lajeado, não deixa de inovar. Para a Anuga, a empresa trouxe balas de gelatina, lançamento da marca e produto com boa receptividade entre os europeus. O item é top no catálogo da empresa, mas a analista de exportações Daniela Coletti diz que é preciso estar preparado para enfrentar a forte concorrência de uma tradicional marca local. Mesmo assim, a receptividade tem sido positiva nos primeiros dias da feira. Outra novidade é um chiclete drageado com recheio líquido. Neste caso, a ideia é agregar um novo produto a clientes já consolidados, como África do Sul e Argentina, destaques entre os 35 países para os quais a Docile vende.

Quem se prepara para começar a acessar o mercado externo está ainda mais atento à inovação. E em produtos que já têm uma boa qualidade, o diferencial passa especialmente pela apresentação, com embalagens e rótulos mais bem planejados. "Aqui na Europa há diferentes formas de apresentação, se usa muito mais o vidro para envazar, enquanto no Brasil o plástico PET é mais comum", compara a CEO da Indústria de Vinagres Prinz, Janaina Koller Martinez. A empresa de Lajeado iniciou há três anos a interlocução com compradores do exterior e já conquistou consumidores em Angola. Mas para incrementar mais o negócio, buscou a feira alemã para prospectar negócios e, especialmente, observar tendências. Uma delas é que o vinagre balsâmico é praticamente sinônimo de Itália e não é possível explorar esse item do catálogo. Porém, há grande interesse pela linha feita à base de álcool. "Estamos buscando nosso nicho", afirma Janaina em sua estreia na Anuga.
Mobilização tem apoio de entidades e governo

A inovação agrega valor aos produtos e intensificar essa prática é a meta do presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), Heitor Müller. "Melhorando nossos produtos, exportaremos mais e, principalmente, agregaremos mais valor à produção primária, obtendo maior rentabilidade", recomenda o industrial, que nesta segunda-feira percorreu os estandes da feira espalhados em quase 300 mil metros quadrados do centro de exposições. Para isso, Müller projeta a presença brasileira - especialmente gaúcha - em Colônia. "A participação do Brasil é destacada e fico feliz com isso, mas poderíamos aproveitar ainda mais o nosso bom momento político. Por isso, vamos fazer uma ‘evangelização' dos produtores para ampliarmos ainda mais essa presença", diz.

Inovação também é palavra de ordem para o embaixador do Brasil na Alemanha, o gaúcho Everton Vargas. O diplomata lidera a mobilização por elevar não só as vendas de itens brasileiros, mas também para aumentar os investimentos de empresas no país europeu, espaço que, segundo ele, pode ser ocupado pelas micro e pequenas empresas. "Mas para isso, devem investir em inovação, item essencial para acessar e se diferenciar no mercado europeu", aconselha.

Sustentabilidade é a palavra da vez

Por todos os lados, o que mais se fala na Anuga 2011 é em sustentabilidade. A preocupação dos consumidores é crescente com o tema, o que leva as empresas e entidades a se mobilizarem para dar visibilidade a suas ações. A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) foi mais longe e levou o alimento do "boi verde" criado no Brasil até mesmo para as paredes de seu estande, que foram cobertas com grama natural. Além disso, está disponibilizando mais de duas dezenas de bicicletas para quem quiser se deslocar da feira para seu hotel sem utilizar o trem ou metrô. De carona, vai a marca Brazilian Beef divulgando a carne brasileira.


Veículo: Jornal do Comércio - RS


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