O fim de ano abre espaço no comércio às lojas sazonais com artigos para a decoração natalina. Há centenas desses empreendimentos, concebidos, de uma maneira geral, para operar entre outubro e dezembro. O diretor comercial da Cromus, um fornecedor do ramo, Fernando Hachul, calcula que sejam abertos pelo menos 700 estabelecimentos do gênero no Brasil.
A estimativa do executivo se baseia na carteira de seus clientes. Boa parte realiza apenas uma compra anual, geralmente feita nas feiras de negócio e concentrada na linha de importados para a decoração natalina. Hachul explicou que o restante da clientela faz pedidos ao longo do ano, são estabelecimentos – de pequenos bazares a atacadistas – que não trabalham exclusivamente com o Natal, mas aproveitam a ocasião para oferecer produtos de época. Esses são concorrentes que as lojas sazonais devem considerar em seu plano de negócio.
Para se diferenciar do varejo em geral e da concorrência das demais lojas sazonais, a empresária Lays Reze aposta em produtos mais sofisticados. Há seis anos ela criou, em parceria com a mãe, a decoradora Mairly Reze, a Empório do Papai Noel, loja concebida para operar de outubro até o dia 24 de dezembro.
Ao longo da sua história, o empreendimento já passou por vários pontos da cidade, mas desde 2008 é aberto no Morumbi Shopping, na zona sul de São Paulo. Para este Natal, Lays e a mãe prepararam duas lojas naquele espaço. "A maior loja tem 150 metros quadrados, é super decorada; com árvores montadas, mesas com toalhas de veludo e produtos nas cores das tendências, como o roxo e o lilás", disse Lays. "Não trabalhamos com as linhas populares."
Entre os cerca de 2 mil itens da loja, além dos produtos tradicionais (como árvore, Papai Noel e boneco de neve), há artigos de decoração e utensílios para cozinha e banheiro, muitas vezes adquiridos pela clientela como opção de presente.
A empresária se abastece basicamente com fornecedores brasileiros, mas neste ano também buscou alternativas nos Estados Unidos, "para se diferenciar do mercado". A interação do negócio com o público do shopping center, segundo Lays, ajuda na parceria e na negociação do ponto. Ela afirma que as lojas sazonais se mostraram interessantes desde o segundo ano de existência. Neste Natal, sua expectativa é faturar 40% a mais do que em 2010.
Oportunidades
Para o fornecedor Cromus, o Natal também tem sido um bom aliado. A fabricante brasileira de embalagens trabalha com artigos de decoração para a ocasião desde 2005. Para este ano, segundo o diretor comercial Hachul, a empresa ampliou em 37% a linha de produtos natalinos, totalizando 5 mil itens (fora embalagens). As vendas desses produtos representam de 40% a 50% do faturamento da Cromus, e estão à frente das vendas da Páscoa (30%).
Em ambos os casos, o varejo nacional efetua as compras com muita antecedência. Para suprir essa demanda, a Cromus cumpre um calendário extenso e dinâmico. No caso do Natal significa se planejar para, já em agosto, efetuar 90% das entregas.
Na última semana, enquanto o Natal 2011 ganhava as vitrines do varejo brasileiro, uma equipe da Cromus já pesquisava, fora do País, as tendências natalinas para a versão 2012 dos festejos.
Tendências
A atualização das tendências se dá por meio de visitas a fornecedores e feiras de negócios internacionais. Para este ano, além do roxo e do lilás mencionados por Lays, os acessórios e produtos decorativos de Natal combinarão as cores rosa com nude (tom da pele) e o prata com vermelho – "inclusive nos bonecos", detalhou Hachul. As misturas com verde, azul, marrom, e os brilhos também são boas opções.
Vantagens e riscos
"A pop up store (denominação dada à loja concebida para operar temporariamente) não é um conceito novo e sua criação não está ligada apenas às datas comemorativas, como o Natal, mas também a eventos, como festivais de música e competições esportivas", afirmou o professor da Escola de Administração de Empresas, da Fundação Getúlio Vargas (FGV) de São Paulo, Maurício Morgado.
É cada vez mais comum os empresários aproveitarem essas oportunidades. "Mas não dá para todo mundo sair abrindo uma pop up na cidade", alertou o especialista.
O aspecto "nevrálgico", segundo Morgado, é o ponto comercial. O empreendedor deve analisar cuidadosamente se o período de funcionamento permitirá a obtenção do retorno do investimento. A conta inclui, além de aluguel, pagamento de funcionários, taxas, estoque e despesa com divulgação. "As marcas novas exigem um esforço promocional maior, que deve integrar a conta de investimentos", ressaltou Morgado.
É necessário conferir se o fluxo de pessoas no ponto comercial será alto e se a loja temporária atrairá esses consumidores.
Veículo: Diário do Comércio - SP