Rastreamento atinge receita de R$ 1 bi em 2011

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O setor nacional de rastreamento de veículos vai encerrar 2011 comemorando um recorde: R$ 1 bilhão, aproximadamente, de faturamento. É quanto o conjunto das cerca de 400 empresas que se dedicam à atividade irá atingir. Em 2010, todas juntas chegaram a quase R$ 900 milhões de receita.

Como mais de 60% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro são conduzidos por estrada, a atuação destas companhias interessa a todos - até porque o custo do seguro mais o do gerenciamento de risco (como o rastreamento às vezes é chamado) corresponde a algo entre 12% e 15% do valor do frete rodoviário - e isto é repassado automaticamente ao preço dos produtos. A atividade cresceu 20% no País em 2010 e deve fechar 2011 com uma performance ainda melhor: 25% de expansão.

Estes são alguns dos dados (inéditos, em sua maioria) obtidos com exclusividade pelo DCI junto à entidade representativa do setor, a Associação Brasileira das Empresas de Gerenciamento de Riscos e de Tecnologia de Rastreamento e Monitoramento (Gristec). Seu presidente, Cyro Buonavoglia, ressalta que as companhias do ramo preocupam-se com o aumento da violência nas estradas, com os altos impostos e com iniciativas legais que podem prejudicar a área (Veja box ao lado). "Somos um setor novíssimo, com um porte médio em termos econômicos", explica Buonavoglia. "Buscamos um maior apoio das autoridades ao nosso trabalho, o que beneficiaria aos proprietários de veículos de passeio, transportadores, caminhoneiros autônomos e embarcadores de modo geral.

Convém citar que a grande maioria dos transportes no Brasil é feita pelo cerca de 1,9 milhão de autônomos contratados pelas transportadoras e pelos embarcadores, uma vez que, da frota de 2,4 milhões de profissionais do setor no Brasil, apenas uns 400 mil são funcionários das empresas."

A Car System talvez seja o nome mais conhecido desta indústria por aqui. Com 10 anos de existência, ela prevê chegar ao fim de 2011 com um faturamento recorde de R$ 150 milhões e está levando adiante um movimento que é exemplo de tendência forte do setor: a diversificação de atividades. "Já estamos com nossa liderança junto ao consumidor final consolidada", afirma José Melo, presidente da empresa, referindo-se aos clientes que instalam rastreador em seu carro. "Agora é hora de levarmos nosso produto ao mercado corporativo [frotas de transportadoras]. Atualmente este segmento representa 5% do faturamento da empresa, mas esperamos que ele corresponda a 30% até 2015."

O executivo analisa levantamentos como o da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), de que hoje um milhão e meio de caminhões roda por todo o Brasil. Conquistar este mercado (que tende a remunerar melhor que o consumidor-motorista dos centros urbanos) é de fato um dos grandes focos das empresas brasileiras de rastreamento.

A cada dia, 980 carros são roubados no Brasil, em média. As companhias de rastreamento sabem que só os recuperarão se seus sistemas de localização forem potentes e se a estrutura de busca ligada a eles for moderna e atualizada. Para tanto, muitas estão investindo pesado em tecnologia - como a Porto Seguro, que oferece este produto a seus clientes: "Independentemente do serviço contratado, o rastreador Porto Seguro registra as 1.000 últimas posições do veículo, o que aumenta muito as chances de ele ser localizado em caso de roubo ou furto", conta João Buonopane, gerente de Proteção e Monitoramento da empresa. Ele explica que seu equipamento também permite ao cliente visualizar a localização de seu carro em um mapa da cidade que fica no portal da companhia na Internet. Por sinal, o uso de um rastreador no automóvel costuma gerar um abatimento entre 10% e 20% no custo do seguro do carro.

Novas funções

Mas nem só para o combate a roubo serve o rastreamento de veículos. Com efeito, as empresas têm descoberto outros nichos de atuação para seu produto e investem neles atrás de novos consumidores.

Uma das companhias mais focadas nesta estratégia é a 3T Systems, que atua no apoio a transporte de carga. Osvaldo Carvalho, gerente-comercial da empresa, frisa este ponto: "Atendemos a companhias que estão interessadas não só em segurança patrimonial, mas também em aprimorar a gestão de suas operações. Agregamos funcionalidades ao sistema. As empresas passam a ser capazes de fazer a gestão remota de suas operações de transporte. Isto pode ser mais importante e trazer à companhia um retorno maior que a própria gestão de risco relacionada ao roubo de cargas e veículos."

Carvalho dá como exemplo o lançamento feito pela 3T, no ano passado, de um sistema incorporado ao rastreador que permite a avaliação do comportamento do motorista ao volante. Ele possibilita o controle da quantidade e da intensidade das freadas, da aceleração e das curvas feitas e fornece gráficos de velocidade e de violações de limite de velocidade eventualmente cometidos pelo condutor.

Entraves

Os problemas enfrentados hoje pelo setor transitam por várias esferas. Uma delas é a criminal: "Sempre repito que precisamos agir fortemente sobre o receptador de bens roubados, que normalmente não é encontrado ou identificado. Por outro lado, nossa legislação permite que alguém seja preso inúmeras vezes por roubo de carga e/ou veículos e continue livre para roubar novamente", lamenta Buonavoglia.

E há a questão da infraestrutura para o setor, que é cara: "O custo do envio de dados por telefonia celular prejudica a massificação do rastreamento de veículos no Brasil. Hoje, o percentual da frota segurada no País que é monitorada não passa de 20%", observa Carvalho. E é ele que finaliza: "Nossa atividade cada vez mais irá permitir ganhos em qualidade de vida, gerenciamento do trânsito nas grandes cidades, redução da poluição ambiental e prevenção de acidentes".


Veículo: DCI


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