Estudo tenta mostrar aos consumidores que setor não é responsável por variações nos valores
Levantamento feito a pedido de sindicato aponta a concentração no setor de distribuição como um dos problemas
Para tentar mostrar aos consumidores que o setor não é responsável pelos picos de preço, o sindicato dos postos de combustíveis de Ribeirão Preto encomendou um estudo que acabou por transferir a "culpa" às distribuidoras.
A pesquisa, contratada pela sede do Sincopetro (sindicato dos postos) em Ribeirão, foi apresentada ontem, após quatro meses de estudos.
O relatório do trabalho responsabiliza diretamente as distribuidoras, acusadas na pesquisa de regular o mercado através da "imposição" de aumentos de preços.
Apesar dos resultados, o sindicato informa que "o objetivo não é culpar ninguém nem criar problemas". "[Queremos] Mostrar a realidade do setor em Ribeirão", disse o presidente regional do Sincopetro, Oswaldo Manaia.
O documento também afirma que, diante da concentração de empresas de distribuição de combustível no país, elas "acabam provocando, mesmo que indiretamente, o alinhamento de preços".
O estudo foi feito pelos economistas Francisco Pinghera e Sérgio Nalini, ex e atual secretário da Fazenda de Ribeirão, respectivamente, e pelo diretor do Instituto de Economia da Acirp (Associação Comercial e Industrial de Ribeirão), Vicente Golfeto.
Os pesquisadores avaliaram 750 notas fiscais de compra de combustíveis e balancetes de postos de Ribeirão.
Uma das práticas que eles afirmam ter encontrado é o aumento de preços em forma de "conta-gotas" por parte das distribuidoras.
As altas, segundo o estudo, ocorrem com pequenos percentuais e em espaços curtos de tempo, às vezes de forma diária. "A distribuidora solapa a lucratividade [dos postos]", afirmou Nalini.
A divulgação do estudo causou mal-estar dentro do próprio sindicato de postos.
O presidente estadual do Sincopetro, José Alberto Paiva Gouveia, disse que não dá para culpar as distribuidoras.
Segundo Gouveia, alinhamento de preços é o mesmo que cartel, e isso não ocorre em nenhuma fase da cadeia de combustíveis.
Veículo: Folha de S.Paulo