Próxima safra de café vai ser menor, mas de preços altos

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Impactado por um mês de outubro de seca nas regiões produtoras, o próximo ciclo de alta do café, entre julho de 2012 e junho de 2013, pode ser menor do que o anterior, sendo produzido no Brasil algo entre 52 e 55 milhões de sacas. Mas o preço dessa commodity, que se mantém aquecido por diversos fatores, entre os quais está a forte demanda mundial, deve garantir o crescimento da rentabilidade do setor.

 

Estimativas de mercado indicavam neste ano que a próxima safra de café poderia ser excepcional, com até 60 milhões de sacas. A falta de chuva, porém, atrapalhou a produção no cerrado mineiro e na mogiana paulista e causou atrasos da florada do grão, contrariando as expectativas iniciais. "O potencial produtivo da lavoura ficou comprometido. A safra ainda vai ser grande, mas não será uma supersafra", afirmou o analista Gil Barabach, da Safras & Mercado.

 

Quanto à safra atual (2011/2012), a consultoria prevê que fechará com 47 milhões de sacas. Antes de setembro, quando terminou a colheita, o preço da medida já estava acima de R$ 500, o que revela a firmeza do mercado. "Na metade de 2010, o preço da saca estava abaixo de R$ 300. Em 2011, houve alta e acomodação da produção, mas ainda assim os preços se mantiveram pelo menos R$ 100 acima dos do ano anterior", observou Barabach.

 

No primeiro semestre deste ano, durante a entressafra, a saca custava R$ 565. Depois do pico produtivo de maio, quando os preços costumam cair devido à oferta, essa queda não foi como se esperava. "O mercado indicava uma redução de preços", disse o analista, mas o menor nível do ano ficou entre R$ 430 e R$ 435 por saca. "A queda de preços foi atenuada."

 

No último ciclo de alta do café, entre 2010 e 2011, a produção ficou em 54 milhões de sacas. O volume representava uma safra recorde, que, segundo Barabach, se prolongou para o ano seguinte, "consolidando o quadro positivo". Na melhor das hipóteses, a próxima colheita superará esta marca; porém, devido às adversidades climáticas que atrasaram a formação do grão, há risco de a safra ser menor - embora os preços tendam a garantir a rentabilidade dos produtores rurais.

 

Exportações

 

A grande incerteza atual do setor se refere à crise internacional, ou à "incógnita financeira", como disse o especialista da Safras & Mercado. Uma ruptura na zona do euro pode provocar uma queda abrupta de consumo de café, como já vem acontecendo no leste da Europa, além da fuga de investidores dessa commodity. Contudo, as exportações vão de vento em popa, favorecidas por três anos de baixa produtiva na Colômbia, o maior concorrente externo do Brasil nessa área.

 

"Estamos aproveitando o espaço deixado pela Colômbia para nos consolidar no mercado de café com alto valor agregado", afirmou Barabach. Ou seja, na escassez do produto colombiano, que geralmente tem qualidade elevada, os produtores brasileiros têm-se ocupado em preencher a demanda por cafés especiais.

 

De acordo com o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (CeCafé), as exportações do grão do Brasil fecharam os onze meses de 2011 (janeiro a novembro) com uma receita cambial 59% maior do que a registrada no mesmo período de 2010 - US$ 7,8 bilhões, contra US$ 4,9 bilhões - e 30,4 milhões de sacas exportadas. Em novembro, a receita cambial (US$ 834,9 milhões) foi 34,6% superior à do mesmo mês no ano passado (US$ 620,4 milhões).

 

"A receita cambial esperada para 2011 é de US$ 8,4 bilhões, 48% maior que a de 2010, apesar de o volume esperado ser praticamente o mesmo do ano passado. A razão que contribuiu para este resultado foram os preços, que se mantiveram em patamares mais altos", disse o diretor-geral do CeCafé, Guilherme Braga.

 

 

Veículo: DCI


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