Lojistas podem virar o ano com estoque nas prateleiras

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O otimismo dos comerciantes brasileiros nestes últimos meses fez com que eles elevassem seus pedidos juntos aos fornecedores; logo, os estoques estão mais reforçados para as vendas de fim de ano. Das duas, uma: ou o período vai ser ainda melhor do que o esperado, e as prateleiras estarão vazias em janeiro de 2012, ou o varejo fará promoções para limpar os estoques no começo do próximo ano.

 

O certo é que a perspectiva é termos um mês de janeiro como um período de Natal estendido, com as vendas elevadas até por conta das possíveis promoções. "O comércio deve iniciar o ano de 2012 com estoque um pouco acima do desejado pelos lojistas, o que deve impulsionar as liquidações já quase tradicionais feitas após o Natal", afirma Marcel Solimeo, superintendente de Economia da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).

 

A entidade estima que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro crescerá entre 3% e 3,5% em 2012, com forte influência do varejo, que deve ter alta de 4% a 5%. "Podemos ter um 2012 relativamente bom, mas, para o varejo, um pouco melhor do que para o setor industrial", avaliou o superintendente.

 

Com as vendas para o Natal menos animadoras ante as do ano de 2010, o varejo espera registrar uma maior movimentação das vendas do início de 2012 quando comparadas às do início de 2010, afirma o professor doutor Claudio Felisoni, do Programa de Administração do Varejo (Provar). "No último trimestre de 2010, uma família com renda média estava com 16% de renda para aquisição de novas dívidas. Já neste ano, o mesmo perfil de consumidor está com uma sobra menor, de 13%, o que vai influenciar também no maior estoque para ofertas e liquidações no início de 2012", esclarece ele, ao DCI.

 

Para ele, investir em estoque é uma das maneiras encontradas para baratear preços. "Com um grande volume de compras, o varejo pode conseguir negociações com a indústria e criar uma oportunidade de rentabilidade maior nesse segundo semestre", afirma Felisoni.

 

O especialista aponta os produtos que têm prazo de validade longo, como alguns dos que mais garantem barateamento de preços através de tais parcerias. A estimativa dos consultores do setor é também confirmada pela última pesquisa do Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec), que aponta que 30% das empresas varejistas estão com estoque inadequado, acima ou abaixo do que seria ideal neste fim de ano.

 

Renda maior

 

Para a ACSP, o contínuo crescimento da renda e da oferta de emprego, mesmo em ritmo moderado, e a manutenção das políticas de transferência de renda vão favorecer a atividade econômica no próximo ano. Mesmo com o aumento do endividamento total das famílias e com o comprometimento da renda para pagamento de financiamentos, a Associação Comercial acredita que ainda há espaço para o aumento do consumo em 2012, principalmente das classes C, D e E.

 

Preocupação

 

O que preocupa a ACSP é a contínua desaceleração da atividade da indústria, que sofre com a agressiva concorrência externa (mais especificamente a de produtos chineses) e pela taxa de câmbio. Segundo Solimeo, o governo precisa ir além da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para estimular o crescimento.

 

"Melhor do que ficar com o casuísmo do IPI seria reduzir o IOF [Imposto sobre Operações Financeiras], seria o Banco Central continuar reduzindo a taxa Selic", propôs.

 

A ACSP prevê que a inflação deve ficar "no limite do limite" em 2011, ou seja, em 6,5% (dentro do limite de dois pontos percentuais acima da meta de 4,5%).

 

Já em 2012 a entidade acredita que o governo não conseguirá atingir a meta de inflação porque terá de concentrar esforços no crescimento. "O que se pode esperar é conviver com uma taxa de inflação mais alta", disse.

 

Em relação ao cenário internacional, a entidade aposta que a crise no sistema financeiro e na Zona do Euro vai continuar. "O cenário internacional não vai se resolver, mas também não vai explodir."

 

A ACSP estima ainda que as vendas do varejo interno devam também registrar um aumento de cerca de 2% neste período de Natal, contra um crescimento de 10% em 2010 Ainda assim, a Associação Comercial considera que o Natal de 2011 será positivo para o comércio. "Deve ser um bom Natal, mas nada de extraordinário", previu Solimeo.

 

Segundo o superintendente da entidade, 2010 foi um ano atípico nas vendas devido às medidas do governo para estimular o consumo, ao aumento do gasto público, já que era ano eleitoral, e à grande quantidade de crédito disponível. "O ano passado foi extraordinário, mas era um ritmo insustentável para a economia."

 

 

Veículo: DCI

 


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