Lavouras de milho e feijão, segundo a Emater, são as mais afetadas pela seca no Estado
A estiagem pode provocar perdas de até 40% nas lavouras de verão, afetando principalmente o desenvolvimento das culturas do milho e do feijão. Os números foram apresentados pelo gerente-técnico estadual da Emater/RS, Dulphe Pinheiro Machado Neto. A soja ainda está sem confirmação de perdas e, no caso do arroz, deve haver redução da área cultivada nesta safra.
No Rio Grande do Sul, as lavouras de milho e do feijão estão com entre 40% e 50% nas fases de floração e enchimento de grãos, consideradas críticas quanto à presença de umidade no solo, fator indispensável para se garantir uma boa produtividade. Essa situação trará reflexos na produção total desta safra, uma vez que os danos em termos de diminuição do potencial produtivo podem ser considerados irreversíveis em 50% da área projetada. As lavouras que se encontram em desenvolvimento vegetativo, cerca de 34% do total cultivado, também apresentam problemas na sua evolução, como murchamento das folhas basilares e crescimento deficiente.
Os prejuízos, no entanto, só serão conhecidos a partir do início de janeiro, quando os dados da segunda quinzena deste mês serão tabulados no Sistema de Monitoramento das Condições das Culturas. Até lá, o presidente da Emater/RS, os prefeitos e secretários municipais de agricultura devem encaminhar informações sobre limites de abastecimento humano e animal de cada município, para que se tenha a dimensão mais concreta do problema.
Em uma reunião coordenada pela Delegacia Regional do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), para analisar a situação das lavouras gaúchas, o meteorologista do Cemetrs da Fepagro, Flávio Varone, apresentou as médias de ocorrência de precipitações nos últimos períodos e a projeção para os próximos três meses, que é de chuvas abaixo da média. A diretoria da Emater/RS encaminhou orientação aos técnicos para priorizarem o atendimento às ocorrências de perdas de lavouras por estiagem, vendavais e granizos. De acordo com o diretor-técnico, Gervásio Paulus, a instituição já recebeu 2 mil pedidos de perícia do Proagro. "Em janeiro, esse número vai aumentar", estima. A média de atendimento por técnico tem sido de cinco laudos por dia, mas pode ser maior, quando as condições das lavouras e do perito forem favoráveis.
De acordo com o presidente da Emater-RS, Lino De David, uma força-tarefa regional vai qualificar as informações, que serão encaminhadas ao ministro Afonso Florence, do MDA. "Nos próximos 60 dias, entre 400 e 500 técnicos da Emater vão priorizar a realização de laudos do Proagro, o que pode totalizar, só na cultura do milho, cerca de 30 mil laudos periciais", calcula De David.
A partir deste ano, a realização de laudos periciais apresenta novidades, entre elas, que o manual de crédito não prevê mais laudos coletivos por município nem por região. "Cada lavoura será vistoriada", anuncia o delegado regional do MDA, Nilton Pinho De Bem, ao explicar que a partir deste ano o agricultor que tiver mais de 60% de perdas pode concordar que colheria o restante e abrir mão de futuras e possíveis discussões sobre o agravamento dos efeitos do evento climático, em declaração anexa. "Neste caso, é feito um laudo único por perícia, quando for possível a comprovação de uma perda já configurada acima de 60%", afirmou.
Veículo: Jornal do Comércio - RS