Uma das maiores operadoras logísticas do País, a Júlio Simões Logística (JSL), dará o salto para sua internacionalização definitiva em 2012, após ter adquirido este ano, por R$ 405 milhões, o Rodoviário Schio, grupo especializado no segmento de locomoção de produtos sob temperatura controlada. A Schio já tem forte atuação na Argentina, Venezuela, no Uruguai e Chile. "A maneira de a Schio operar e a relação com os clientes será preservada", garantiu Denys Marc Ferrez, diretor-financeiro-administrativo e de RI da JSL. "Inclusive o principal gestor da Schio se integrou ao quadro da JSL, o que demonstra o quanto o profissional está apostando no futuro da companhia", disse ele, referindo-se a José Schio, fundador da empresa adquirida.
A JSL está capitalizada e preparada para absorver mais concorrentes em 2012. No entanto, Ferrez, em entrevista exclusiva ao DCI, adverte: "Chances de aquisição sempre são analisadas, mas elas só acontecem quando há muita sinergia com os negócios da JSL ou quando for para agregar algum novo nicho de mercado". Ele também observa que o histórico de 55 anos da companhia comprova que para a JSL a expansão natural também é uma boa opção: "Nos últimos 10 anos a empresa cresceu em média 27,5% ao ano, e este crescimento foi essencialmente orgânico".
Nos últimos 12 meses (dado com base em setembro deste ano) a companhia faturou R$ 2,5 bilhões. A estimativa para 2011 é que a JSL tenha crescido algo em torno de 20% a mais que em 2010, quando registrou receita bruta de R$ 2,3 bilhões - sem contar a aquisição da Schio. Aliás, com a compra desta a JSL se torna uma empresa com faturamento superior a R$ 3 bilhões. A mais recente aquisição feita - a dos ativos de logística da Marfrig por R$ 150 milhões - deve elevar ainda mais este montante. Até porque o contrato com o frigorífico prevê que a JSL passará a prestar, por 10 anos, serviços de gestão administrativa, gestão logística, gestão de transportes e gestão de armazéns e frete para a Marfrig em todo o território nacional, o que dá à Júlio Simões a chance de aumentar presença no agronegócio, um dos esteios da economia nacional. (Leia mais na página B7)
Transporte de passageiros
Em 2011, a JSL persistiu em uma estratégia de diversificação que permitiu o crescimento da receita vinda de setores já tradicionais para a companhia, tais como papel e celulose, automotivo e de serviços públicos. Houve ainda expansão em outras áreas - siderurgia e mineração, energia elétrica, agricultura e bens de capital. Por sinal, em outubro a empresa entrou em novo ramo: o do transporte público de passageiros em Sorocaba (SP), ao vencer licitação com prazo de 8 anos e expectativa de geração de receita de R$ 241 milhões.
Nesse mesmo mês ela lançou a JSL Aluguel de Caminhões, negócio que abre nicho inédito no País. A empresa, por sinal, afirma manter uma das frotas mais jovens do Brasil, com idade média de 1,2 anos. Atualmente, a JSL possui mais de 27 mil ativos operacionais, entre veículos pesados e leves, máquinas e equipamentos. Por fim a corporação concluiu neste ano a implantação do 1º módulo do Centro Logístico Intermodal, um terminal estrategicamente localizado em Itaquaquecetuba (SP), ao lado da rodovia Ayrton Senna e da ferrovia que liga o porto de Santos aos Estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais.
O Centro tem o objetivo de integrar os modais rodoviário e ferroviário para o escoamento de produtos de forma mais eficiente e planejada, oferecendo soluções logísticas principalmente aos segmentos industrial e de distribuição urbana. O terreno, de 500 mil m², tem capacidade para 4 módulos. Este é composto por 2 centros de distribuição com área coberta total de 22 mil metros quadrados.
Vale destacar que, após tudo isto, a JSL ficou com suas operações divididas da seguinte forma: 50% das mesmas são compostas pelos chamados serviços dedicados (operação e gestão de insumos, movimentação interna, armazenagem e transporte de bens ao consumidor final); 25% compõem-se da terceirização de frotas; 13% do transporte de passageiros e 10% da movimentação de cargas gerais. Os 2% restantes referem-se a outros serviços.
Amadurecimento
Ferrez tem boas expectativas para 2012: "O mercado de logística brasileiro passou e ainda passa por uma grande mudança. Um período de amadurecimento que tem feito as empresas se tornarem mais competitivas e oferecerem serviços diferenciados para seus clientes, que estão cada vez mais exigentes", diz ele.
"É claro que a crise pode diminuir um pouco nosso ritmo de crescimento, mas este é um momento também de oportunidades para o segmento logístico, pois é quando as companhias passam a revisar seus processos para diminuir custos. É aí que operadores logísticos sólidos podem oferecer soluções que atendam a estas necessidades."
Com relação à JSL, o executivo lembra que "a capilaridade da empresa para o atendimento de vários mercados permite que ela não dependa exclusivamente de um ou de outro para manter seu crescimento. Desta maneira, quando um setor é mais afetado por uma desaceleração, os demais garantem o equilíbrio da receita da companhia. Vale lembrar ainda que a JSL se resguarda em todos os contratos, o que nos dá grande estabilidade", declara ele, bastante confiante.
Veículo: DCI