Como a Gallo quer ser a terceira maior sem produzir azeite

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Empresa depende do Brasil para crescer, uma vez que o mercado nacional responde por 40% das vendas da companhia portuguesa


Abrantes é uma pequena cidade bem no meio de Portugal com menos de 20 mil habitantes. Embora não produza uma gota de azeite, ficou conhecida por causa dele. É que a cidade abriga a sede da Azeite Gallo, dona da marca mais vendida no Brasil. "Somos peritos em escolher o melhor azeite e loteá-los (misturá-los)", diz Luís Simões, diretor de produção da Gallo Worldwide, joint venture entre a Unilever e o grupo português Jerónimo Martins.

Desde 2010, o Brasil é o maior mercado da Gallo, ultrapassando Portugal. Em 2011, 40% das vendas vieram do Brasil e 30% de Portugal. O restante é proveniente de outros 47 países. Por isso, a companhia depende do Brasil para alcançar sua meta global: subir de quinto para terceiro maior produtor mundial de azeite em três anos. "Temos 25,8% do mercado brasileiro de azeites e pretendemos chegar a 30% em dois anos", diz o presidente da empresa, Pedro Cruz.

O consumo de azeite no Brasil é hoje de 0,2 quilos por habitante ao ano, segundo a Organização Internacional do Azeite de Oliva. Apesar de ser um consumo per capita semelhante ao dos Estados Unidos, é muito abaixo dos 9,6 quilos de Portugal, quarto país no ranking internacional. Em primeiro está a Grécia, com 24,3 quilos por habitante ao ano.

A perspectiva de crescimento no0 mercado brasileiro está ligada ao aumento da renda no País. "Uma fatia maior de brasileiros quer uma gordura mais saudável, com melhor qualidade", diz Cruz. Para a companhia, a opção por não produzir é uma garantia dessa qualidade. "No caso de um ano de má colheita, teríamos de utilizar a azeitona ruim para o azeite", diz Simões.

De outubro até fevereiro (período de colheita), a fábrica da Gallo em Abrantes recebe as amostras dos produtores de várias regiões de Portugal. As amostras passam por provadores e depois seguem para uma análise por cromatografia para detectar impurezas ou restos de agrotóxicos. "Chegam por ano cerca de 7 mil amostras, das quais são aprovadas perto de 30%", diz Simões.

Para a fabricação do azeite, as azeitonas, ainda no campo, são levadas a lagares onde são limpas, lavadas e pesadas. Depois são moídas e dão origem a uma pasta, que é aquecida e batida para separação da parte sólida (caroço) e da líquida (a água que a azeitona contém). O produto desse processo é uma espécie de azeite bruto que, para se tornar comestível, precisa de refino ou ser misturado a outros azeites. Como Portugal não é autossuficiente em azeite, produtos espanhóis entram na mistura.

É a habilidade misturar os melhores azeites que conferiu à Gallo, segundo Pedro Cruz, o prêmio Mario Salinas de melhor azeite do mundo em 2010, da Organização Internacional do Azeite. "É a primeira vez que o prêmio vai para uma grande produtora. Geralmente ganham empresas com produção limitada."

Na operação, a agilidade é fundamental. "Ao contrário do vinho, que ganha qualidade com a idade, o melhor azeite está na azeitona mais fresca e mais madura", diz Simões. A média de tempo entre a colheita e a operação no lagar é de 12 horas. Para ele, Portugal produz o melhor azeite do mundo. "Temos o clima mediterrâneo e a influência do Atlântico, que reduz as temperaturas. A variação faz com que as azeitonas tenham mais antioxidantes para se defender das mudanças climáticas", diz.


Veículo: O Estado de S.Paulo


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