Varejo vende 4% a mais em 2011

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A perspectiva da Associação Comercial de são Paulo é de um primeiro semestre melhor este ano, desde que a crise na zona do euro não piore.


O varejo fechou o ano passado com crescimento médio de 4% nas vendas, com expansão tanto nos negócios à vista quanto nos fechados a prazo em relação a 2010, segundo a Associação Comercial de São Paulo (ACSP), a partir dos dados da Boa Vista Serviços, que administra o Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC). As vendas a prazo, medidas pelo SCPC, subiram 4,1% no ano e as transações à vista, acompanhadas pelo SCPC/Cheque aumentaram 3,8% no mesmo período.
 
Os números foram considerados positivos pela instituição, uma vez que ocorreram sobre uma base forte de comparação. Em 2010 (em relação a 2009) as vendas a prazo haviam acumulado alta de 10,4% e as à vista tiveram variação positiva de 9,8%. Além disso, 2011 também foi marcado por fatores externos, como a crise na Europa.
 
"O ano registrou uma desaceleração contínua das vendas no varejo, agravada pela crise mundial. Apesar disso, o governo se mostrou atento, revertendo a alta dos juros, adotando medidas de incentivo ao crédito e redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para alguns setores da indústria. Com essas medidas, a perspectiva é de reversão desse quadro ao longo do primeiro semestre de 2012, desde que não haja uma piora acentuada na crise mundial", afirmou o presidente da ACSP e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), Rogério Amato.
 
Para o economista do Instituto de Economia Gastão Vidigal (IEGV) da ACSP, Emílio Alfieri, em 2012, o varejo brasileiro não retomará o patamar de crescimento registrado em 2010, no entanto, contabilizará vendas anuais maiores que as do ano passado, na casa de 6%. "Isso se não houver um evento de crédito (como quebra de um grande banco) na zona do euro", ressalvou o economista. Na opinião de Alfieri, as condições internas, no cenário atual, são favoráveis ao crescimento.
 
Dezembro – No mês passado, a expansão na movimentação do comércio também se manteve, na comparação com dezembro de 2010, dentro das expectativas da ACSP. Houve crescimento de 1,7% nas vendas a prazo e de 2,6% nas transações à vista. Os indicadores definiram o aumento médio de 2,1% para o mês. "O crescimento das vendas em dezembro pode ser considerado bom por causa da base alta de comparação", comentou Alfieri.
 
Os indicadores divulgados ontem pela ACSP apontam, na comparação de dezembro de 2011 com o mês anterior, variação sazonal de 23,7% nas transações a prazo e de 48,5% para as vendas à vista. A análise histórica desses desempenhos mostra, de acordo com o economista, compras a prazo um pouco abaixo da média (de 25%) considerada boa.
 
 
Já as aquisições à vista se estabeleceram em patamar bem superior ao considerado normal para o período. "Isso mostra que esse foi um Natal de presentes pessoais, como roupas, calçados e cosméticos", afirmou Alfieri.
 
Os números do mês de dezembro também sinalizam, acrescentou, que o consumidor brasileiro deu maior preferência às viagens, em vez de ir às compras. O item, lembrou Alfieri, já aparecia na pesquisa ACSP/Ipsos, entre os destaques na intenção de compras que o consumidor faria com o décimo-terceiro salário.
 
Inadimplência – O economista da Associação Comercial acrescentou que os indicadores do mês de dezembro também indicam que o consumidor preferiu pagar as dívidas, em vez de realizar compras a crédito, "um sinal de amadurecimento financeiro", de acordo com o especialista.
 
Na comparação com o mês de dezembro de 2010, houve crescimento de 12% nos registros recebidos de maus pagadores, com expressivo aumento de 21,6% nos cancelados (pessoas que renegociaram as dívidas). "É o mais alto nível de renegociação desde 2004", ressaltou Alfieri.
 
Naquele ano, o índice alcançou o percentual de 28,4%. Na comparação com o mês anterior (confira quadro ao lado), na opinião do economista, a inadimplência acompanhou o movimento sazonal esperado para o período.
 
Descontrole – No acumulado anual de 2011, houve maior crescimento dos registros recebidos, em relação aos cancelados – na comparação com o ano de 2010. De acordo com Alfieri, esse movimento se deu, ao longo do ano, mais em função de descontrole de gastos da população, "visto que o desemprego continuou em baixa".
 
Historicamente, explicou Alfieri, o crescimento das dívidas em atraso se dá pela falta de emprego. No entanto, o comportamento do consumidor, no final do ano, ressalvou, reverteu esse quadro.



Veículo: Diário do Comércio - SP


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