Indústria de massas migra para linha de mais valor

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Para driblar a estagnação do setor de macarrão, fabricantes de massas estão investindo em produtos de maior valor agregado. Duas das maiores fabricantes do País, Selmi e J. Macêdo adaptam seu portfólio, fazendo a lição de casa, após o Ministério da Fazenda reduzir a alíquota de PIS/Cofins de 9,25% para zero, até 30 de junho de 2012, e estender a desoneração da farinha de trigo até dezembro.

As massas secas, que representam 84% do mercado nacional do produto, estão estabilizadas em 1 milhão de toneladas nos últimos cinco anos. Já as massas instantâneas, que ocupam 14% do mercado, cresceram 19% de 2006 a 2010, chegando a 181 mil toneladas. O segmento de massas frescas, considerado premium, cresceu 15% no período, atingindo 45 mil toneladas, impulsionado pelo aumento da renda, embora represente apenas 3% do setor. "A massa seca tem praticamente 100% de penetração nos lares brasileiros, enquanto a instantânea tem 90%, e a fresca, 40%. Então as oportunidades estão nesses dois segmentos", diz o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Massas Alimentícias (Abima), Claudio Zanão.

O País é hoje o terceiro maior mercado mundial de massas, atrás da Itália e dos EUA. Já em consumo per capita, que é de 6,4 quilos por habitante ao ano, o Brasil cai para 17º lugar no mundo. Segundo o presidente da Abima, o gargalo do crescimento é a ideia de que macarrão engorda, além do hábito de comer massa apenas uma vez por semana. "Para aumentar o consumo precisamos fazer o brasileiro variar o formato e as receitas", opina Zanão. Ele acredita que é possível ampliar o consumo per capita em um quilo nos próximos três anos.

Terceira maior fabricante de massas do País, a paulista Selmi, dona das marcas Renata e Galo, estimava fechar 2011 com a produção de 130 mil toneladas de macarrão, excluído o instantâneo. Até outubro, o crescimento em volume era de 8%, em relação a 2010, e o faturamento do segmento estava 12% maior. "O aumento da renda do brasileiro de camadas sociais mais baixas está estimulando o consumo de produtos mais elaborados, como o grano duro", afirma o presidente da empresa, Ricardo Selmi. Segundo o empresário, esse tipo de massa cresceu 22% em 2010 e no ano passado crescia 20%. "Está havendo uma mudança de hábito: o pessoal está comendo produtos melhores", diz.

Para 2012 a empresa deve investir em novos formatos de massas de grano duro, como cannellone, conchiglione e fettuccine de fio reto. Outra aposta são os integrais, que vêm crescendo 40%, e devem ter novos produtos neste ano. A empresa investiu em biscoitos em 2011, passando a produzir uma linha completa, e em fevereiro planeja produzir também wafers, antes terceirizados. "É um mercado de R$ 7 bilhões por ano, que ainda tem muito a evoluir", diz o empresário. Outro segmento em estudo pela empresa é o de achocolatados. A Selmi estima crescimento de receita de 17% em 2012, ante incremento de 21% no ano anterior. A expectativa é abrir o capital em 2014, quando a receita for 60% maior.

A cearense J. Macêdo, segunda maior fabricante do País e proprietária das marcas Petybon, Dona Benta e Brandini, teve queda de 11% na sua produção de massas nos nove primeiros meses de 2011, em relação ao mesmo período de 2010, num total de 100 mil toneladas. Na sua produção em geral, a redução em volume foi de 7,5%, totalizando 599 mil toneladas. "Em 2011, a J.Macêdo voltou seu foco para a rentabilidade, reavaliou seu portfólio por região e redimensionou suas ofertas em busca de melhores resultados financeiros para suas vendas", diz o diretor-comercial Vagner Ludovichi. A receita bruta da empresa no período foi de R$ 1,03 bilhão, alta de 1,9% sobre 2010. As massas representaram 26,3% da receita da companhia no terceiro trimestre.

Para escapar da redução de vendas, a empresa busca reposicionar suas marcas. "Estamos em busca de aumento da distribuição e melhoria do desempenho de nossos produtos de maior valor, como massas grano duro, por exemplo", diz Ludovichi. A fabricante reduziu seus investimentos em 44% no ano passado, de R$ 30,5 milhões em 2010 para R$ 17,1 milhões. Ainda assim, a empresa avalia que o ano foi de avanços e que em 2012 o mercado de alimentos deve apresentar desempenho positivo.


Veículo: DCI


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