Depois de ter registrado um ano de preços altos ocasionados por estoques apertados e por um bom desempenho das vendas externas, o mercado do milho inicia 2012 marcado por incertezas tanto no âmbito interno como no externo.
No cenário externo, imperam as incertezas relativas à demanda devido aos desdobramentos da crise nos países desenvolvidos e seus consequentes reflexos sobre as economias emergentes.
Devido aos altos preços praticados no mercado internacional, espera-se aumento expressivo da área plantada com milho nos Estados Unidos na safra 2012/13. Em condições normais de clima, o país poderá registrar volume recorde de produção, fato que pressionaria negativamente os preços do cereal.
No Brasil, o cenário também aponta para safra recorde neste ano. É verdade que a produção de milho na região Sul não está assegurada devido à seca. No entanto, é grande a chance de o país colher uma safra maior do que a obtida em 2010/11.
O fato é que as incertezas climáticas e macroeconômicas ditarão um ritmo de tensão e de muita especulação em 2012. Cenários dessa natureza aumentam o risco de preço para os produtores, que, na sua maior parte, não operam com ferramentas de proteção de preços.
Diferentemente de 2011, quando todos os sinais indicavam que os preços do milho deveriam permanecer elevados, em 2012 a incerteza da demanda aliada a um possível aumento da oferta tende a gerar pressão negativa sobre os preços, principalmente no exterior.
A queda dos preços internacionais do milho poderia gerar reflexos negativos sobre as exportações brasileiras ao longo de 2012.
Em um cenário de possível crescimento da área plantada na safrinha, o Brasil poderia perder competitividade nas vendas externas em um momento considerado crucial para os produtores, principalmente os da região Centro-Oeste, cuja demanda doméstica absorve muito pouco da produção regional.
A saída encontrada para enfrentar um possível cenário adverso seria buscar ferramentas de proteção de preços. No mercado doméstico, os preços ainda se encontram em patamares remuneradores, e as tensões geradas com a seca na região Sul poderão aumentar o apetite de compra por parte das indústrias, as quais visarão garantir os estoques diante de um cenário desfavorável de produção.
Se os níveis de quebra de produção não forem significativos, obviamente que as indústrias irão aguardar a queda de preços à medida que se elevar a oferta de milho no mercado. Sem dúvida, 2012 será marcado por movimentos de grande volatilidade e de intenso nervosismo.
Veículo: Folha de S.Paulo