Puxada pelo milho e soja, inflação volta a subir em janeiro

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Após deflação de dezembro, IGP-M aumenta 0,25%; soja e milho responderam por mais da metade da alta


A disparada dos preços da soja e do milho no atacado foi responsável por mais da metade da inflação de 0,25% medida pelo Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) de janeiro. Influenciado pela seca no Sul, que afetou a produção, o preço da soja subiu 3,37%, após deflação de 3,53% em dezembro. No caso do milho, a cotação aumentou 5,21% este mês e tinha caído 7,04% no mês passado. Juntos, os produtos responderam por 0,15 ponto porcentual do resultado do IGP-M.

"A virada no IGP-M veio dos preços agrícolas (soja e milho)", afirma o coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros. Em dezembro, o IGP-M tinha registrado deflação de 0,12%. Ele frisa que a mudança de resultado, de deflação para inflação, se deve à perda da safra e não tem conexão com o ritmo de atividade. Tanto é que Quadros acredita que provavelmente esse efeito se esgotará neste mês e a trajetória de desaceleração da inflação acumulada em 12 meses não será interrompida.

Até janeiro, o IGP-M acumulou elevação de 4,53% em 12 meses. Desde fevereiro do ano passado, a inflação em 12 meses vem perdendo fôlego mês a mês. E, para fevereiro, o economista acha que não será diferente. "O resultado de 0,25%, um pouco mais ou um pouco menos, é uma referência para o IGP-M de fevereiro", diz o coordenador, descartando a possibilidade de deflação e de repetir o resultado de fevereiro do ano passado, quando o indicador teve alta de 1%.

Quadros espera que o IGP-M de fevereiro tenha um comportamento inverso em relação ao deste mês. Em janeiro, a pressão de preços veio dos produtos agropecuários no atacado (1,1%), enquanto os industriais, influenciados pelo minério de ferro (-5,44%), tiveram deflação de 0,49%. Para fevereiro, o cenário é que os preços dos produtos industriais no atacado abandonem o terreno da deflação e os preços agropecuários deixem de pressionar o indicador para cima. "Será o fim da deflação dos industriais e o fim da pressão dos agrícolas."

Em janeiro, os três subíndices que compõem o IGP-M subiram em relação a dezembro. A maior pressão altista veio do Índice de Preços por Atacado (IPA), que tinha encerrado dezembro com queda de 0,48% e ficou em -0,07% este mês, com alta de 0,41 ponto porcentual.

Em seguida veio o Índice Nacional da Construção Civil (INCC) que, pressionado pelos serviços, subiu 0,67% em janeiro, ante uma alta de 0,35% em dezembro. De um mês para outro, o INCC variou 0,32 ponto porcentual.

Mudança. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC-M) encerrou janeiro com elevação 0,97%, ante uma alta de 0,71% em dezembro. O acréscimo foi de 0,26 ponto porcentual. Quadros destaca que a maior pressão altista veio do grupo educação, que subiu 3,33% em janeiro. A alimentação também teve alta expressiva, de 1,47% este mês, a mesma variação de janeiro de 2011.

A partir de fevereiro, o IPC será apurado de acordo com uma nova Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), elaborada a partir da POF do IBGE. Segundo essa apuração, perdem peso no IPC alimentação, habitação, educação e despesas diversas. Em contrapartida, ganham peso vestuário, saúde, transportes. Além disso, foi criado um grupo de gastos com comunicação.



Veículo: O Estado de S.Paulo


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