Impulsionado pela inclusão do food service - refeições rápidas - nos serviços ofertados, o segmento de panificação cresceu 11,9% em 2011 e pretende manter o mesmo patamar de crescimento, de acima de dois dígitos, este ano. Conforme a Associação Brasileira de Panificação e Confeitaria (Abip), as padarias foram responsáveis por 36,5% do faturamento de R$ 89,1 bilhões do segmento de refeições no Brasil ano passado, e a tendência é de manutenção do índice, ainda mais com o maior número de pessoas que se alimentam fora de casa - que segundo pesquisas correspondem a 30% dos brasileiros.
O setor de panificação, mesmo após ter apresentado pequena desaceleração no crescimento frente ao igual período de 2010, época em que o setor teve incremento de 13,7%, conseguiu atingir faturamento maior em cima de uma base forte. Em 2011, as padarias brasileiras tiveram rendimento de R$ 63 bilhões ante os R$ 56,3 bilhões vistos em 2010. Tal fato foi impulsionado pelo aumento do tíquete médio e da venda de refeições, fugindo do convencional pão francês e café.
Do faturamento, destaque para a produção dos alimentos e demais itens comercializados nas padarias, que representam 51% da receita e geraram rendimento de R$ 32,12 bilhões às panificadoras do País. O restante é dividido em: bebidas, 10%; produtos de mercearia, 7%; frios, 6%; laticínios, 5%; e outros de menor representatividade.
Segundo a entidade que representa o setor, além da ampliação da oferta de serviços, as panificadoras veem uma crescente necessidade de ter um número maior de produtos à disposição do consumidor. Com isso surgiram as "lojas" de conveniência dentro das padarias. Elas ajudaram a impulsionar o tíquete médio em 9,6% no ano passado. Estimativa do Sindicato da Indústria de Panificação do Estado de São Paulo (Sindipan) aponta que em 2011, 15% das 4.800 empresas registradas no sindicato, em São Paulo, possuíam o serviço de conveniência dentro de seu espaço.
Segundo Alexandre Pereira, presidente da Abip, a modernização dos serviços oferecidos e a modificação do hábito do consumidor brasileiro foram os impulsionadores dessa modificação. "O consumidor moderno procura por comodidade, por isso as padarias tiveram que aumentar o número de produtos ofertados: para atender a uma demanda crescente", explica. Para este ano, a entidade espera que as empresas tenham um crescimento de cerca de 10% do faturamento. Em número de lojas é pouco provável que haja forte incremento. O setor sente uma estagnação, pois das 60 mil padarias existentes no País, apenas 30% podem ser consideradas impulsionadoras do segmento no País.
Questionado sobre essa estagnação do número de novas redes no mercado, Alexandre explica que existe uma tendência muito forte de que as empresas atuantes no setor prefiram ampliar seus serviços a abrir novas unidades. "Os empresários têm sido estimulados a se modernizar. Por muitas padarias serem de gestão familiar [96% delas], acabam ficando fechadas às novidades que estão no mercado. Os donos dessas padarias devem investir em diversificação dos produtos, oferecer serviços de entrega, refeições, sopas, produtos de adega e na modernização de suas instalações", diz Pereira.
Ainda segundo o especialista, um dos fatores que ajudam o recesso do segmento é a entrada de redes supermercadistas -que também oferecem ao consumidor padaria dentro do estabelecimento- em locais próximos dos quais há padarias instaladas.
A contratação de mão de obra qualificada será determinante, como explica Márcio Rodrigues, coordenador nacional do Programa de Apoio ao Panificador (Propan). "Profissionalizar a mão de obra é o que trará um diferencial às padarias, que sofrem muito com a carência de profissionais especializados", diz ele. Ainda segundo o especialista, em São Paulo faltam cerca de 10 mil profissionais capacitados para atuar no segmento.
Com uma história de sucesso no processo de modernização, a Galeria dos Pães, localizada na capital, é tida como uma das pioneiras do setor ao oferecer um mix de serviços diferenciados, com bufê de café da manhã e de almoço, além de ficar aberta 24 horas todos os dias da semana.
Indústria
A participação do setor de panificação no Produto Interno Bruto (PIB) cresceu de 1,53% em 2010 para 1,66% no ano passado, sendo dominada em maior número - 96% - por pequenas e médias empresas. O segmento ajudou a abrir 21 mil novos postos de trabalho em 2011; atualmente gera 779 mil empregos diretos e 1,8 milhão de indiretos.
Mesmo com o setor estagnado, no número de novas unidades, o País apresenta potencial de crescimento. O fluxo diário de consumidores nos estabelecimentos é de 43,23 milhões de pessoas, dado esse que representa crescimento de 2,3% do número de visitas diárias, quase um milhão a mais que em 2010. Outro dado que fomenta esse mercado a crescer é o do consumo per capita de pão da população. O consumo médio de pelo brasileiro cresceu de 27 kg para 33 kg. Apesar do crescimento, o consumo não atinge a média recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) que é de 60 kg.
Veículo: DCI