As vendas da Nestlé no Brasil alcançaram 5,418 bilhões de francos suíços (R$ 10,1 bilhões) em 2011, numa expansão menor do que a média dos mercados emergentes. Mas a direção mundial da companhia se diz otimista com o potencial de mais negócios nesse que é o seu terceiro maior mercado.
Globalmente, o maior grupo alimentar do mundo encerrou 2011 com vendas de 83,6 bilhões de francos suíços (US$ 89,1 bilhões), o que representa um crescimento orgânico de 7,5% em relação a 2010. O lucro líquido cresceu 8,1% para US$ 10,1 bilhões.
As vendas nos mercados emergentes aumentaram 13,3%, três vezes mais do que a expansão de 4,3% nos mercados desenvolvidos. No Brasil, a Nestlé vendeu 8% a mais em reais, mas o resultado é de queda de 3,3% em franco suíço, por causa da persistente valorização da moeda helvética.
Este ano, serão investidos pouco mais de 5 bilhões de francos suíços, dos quais metade nos emergentes, onde a companhia faz 41% de suas vendas e espera chegar a 50% do total até 2020.
A diretoria em Vevey não quis detalhar o montante de investimentos no Brasil. Mas o presidente mundial, Paul Bulckle, declarou: "A nossa prioridade está lá, temos muita confiança no Brasil". O país é o terceiro maior mercado da Nestlé no mundo, depois dos Estados Unidos e da França.
A estratégia para aumentar as vendas no país incluem o patrocínio para a Copa do Mundo. Já o engajamento na Olimpíada não está decidido. Na coletiva de ontem com a imprensa internacional, a Nestlé expôs produtos de suas fábricas ao redor do mundo, incluindo os chocolates Garoto, no Brasil.
O resultado global de 2011 mostra margem operacional de 15%, mas diminuiu 30 pontos base nas Américas. Segundo Bulckle, 2011 foi um ano "desafiador", e a empresa não espera que 2012 seja "mais fácil". Este ano, a Nestlé projeta um crescimento orgânico entre 5% e 6%.
Os concorrentes são igualmente cautelosos. A francesa Danone, maior produtora mundial de iogurtes, projeta crescimento de vendas de 5% a 7% e o baixo consumo na Europa será compensado pelo crescimento nos emergentes.
A britânica-holandesa Unilever também projeta um ano difícil, estimando que a expansão nos emergentes diminuirá de ritmo e a demanda na Europa e na América do Norte vai estagnar, na melhor das hipóteses.
Nestlé e Danone teriam feito propostas para adquirir a unidade de nutrição infantil da Pfizer, que poderia alcançar até US$ 10,5 bilhões, conforme rumores no mercado, mas a direção da companhia suíça não quis fazer comentários.
A empresa informou que irá examinar toda possível aquisição que faça sentido para sua estratégia de mercado. Também pretende expandir a venda de novos produtos como máquina de café Alegria, para comércio de pequeno porte, como floristas e cabeleireiros. Sua maquina Special T.tea (para fazer chá) também avança em vendas. E Nespresso continua a ser um enorme sucesso, com crescimento de 20% no ano passado.
Persistem as especulações sobre a fatia de 31% de Nestlé na L'Óreal, sobretudo depois que o maior grupo de cosméticos do mundo revelou que a herdeira Liliane Bettencourt, com 30% dos € 49 bilhões da companhia, abandonaria seu cargo no conselho de administração em favor de seu neto Jean-Victor.
Mas o presidente mundial da Nestlé foi lacônico, dizendo que isso não afeta o pacto de acionistas que expira em 2014, pelo qual cada lado pode recusar a oferta do outro por aquisição, assim como nenhum acionista pode aumentar sua fatia enquanto Liliane, de 89 anos, estiver viva ou até seis meses após sua morte.
Bulcke prevê aumento de um dígito nos preços de commodities este ano, e em todo caso persiste a volatilidade.
Veículo: Valor Econômico