Os produtores de arroz começam a colher a safra cercados por boas expectativas. Com o preço do produto mais valorizado, os primeiros meses de 2012 indicam que a temporada servirá para superar a instabilidade vivida pela orizicultura no ano passado. Foi com esse pensamento que, nesta quinta-feira, deu-se a largada à 22ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz, em Restinga Seca, região central do Rio Grande do Sul. O evento se estende até sábado, quando ocorre a oficialização do início da colheita. Responsável por quase 70% da confecção nacional, o Estado tem 1,2 milhão de toneladas em estoque e 7,8 milhões de toneladas prontas para a colheita.
“Não faltarão recursos para a comercialização da safra”, garantiu Caio Rocha, secretário nacional de políticas agrícolas do Ministério da Agricultura. Rocha esteve presente no evento para debater as políticas do governo federal para a área. Nesse sentido, ele destaca que há o objetivo de se intensificar a realização de contratos de opção, medida que garante ao produtor rural a possibilidade de vender, no futuro, o produto ao governo com preço fixado. Assim, a alternativa protege o orizicultor dos riscos de queda nos valores.
Preços, aliás, que começam a reagir em relação a 2011. Atualmente, a cotação mínima de mercado da saca está em R$ 25,80, já o preço de comercialização tem variado entre R$ 26,00 e R$ 27,00. Nessa mesma época, no ano passado, o valor variava entre R$ 20,00 e R$ 21,00. “A safra no Brasil diminuiu 8% em relação ao ano passado, mas o preço está muito melhor”, comparou Rocha. As perdas no volume, no entanto, estão ligadas principalmente à redução da área cultivável. Em 2011, esse espaço era de 1,171 milhão de hectares. Agora, há uma redução de cerca de 1%.
A estiagem que assola o Estado e impacta principalmente a cultura de grãos não teve tanto reflexo no arroz. Pelo contrário. O clima quente de janeiro e fevereiro e a ocorrência de chuvas localizadas estão beneficiando a produção gaúcha, segundo o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga).
“Os efeitos do La Niña não são tão prejudiciais para a agricultura, especialmente para o arroz”, explica Glauco Freitas, meteorologista do Irga. Freitas observa que os produtores que plantaram no prazo certo têm boas perspectivas, mas quem antecipou o plantio pode sofrer queda na produtividade.
Veículo: Jornal do Comércio - RS