Não existe quem não goste de caviar. Quem não gosta é porque nunca comeu um de boa qualidade.” É com esse tipo de confiança que o empresário Armen Petrossian, herdeiro e presidente da tradicional marca francesa que leva seu sobrenome, quer popularizar na terra do arroz com feijão uma das mais refinadas e caras iguarias, geralmente associada a riqueza, luxo e sofisticação gastronômica. A execução do plano, à primeira vista uma missão quase impossível, já está em curso. Pouco menos de um ano após inaugurar sua primeira loja no shopping Cidade Jardim, em São Paulo, um simpático francês de origem armênia, com seu bigode exótico de pontas, anuncia a abertura de uma nova butique. Em maio começa a funcionar a segunda unidade da grife em outro ponto de requinte, o shopping Iguatemi, também na capital paulista.
“Estamos bastante animados”, diz. “Os brasileiros são curiosos e estão abertos a novas experiências.” A aposta e o entusiasmo de Petrossian no País começam a se transformar em lojas. No próximo ano, ele pretende abrir mais duas butiques, uma no Rio de Janeiro e outra em Brasília. E para quem pensava que o Brasil não tinha mercado para a iguaria, Petrossian provou o contrário. “Os brasileiros irão gostar de caviar porque apreciam a boa gastronomia”, diz o empresário. Hoje, os principais mercados da Petrossian são a Europa e os Estados Unidos. Apesar de o Brasil estar atualmente longe de ser um dos maiores compradores de caviar, ele espera que, nos próximos quatro anos, passe a representar 10% da receita da marca.
Uma participação significativa quando se considera que a Petrossian é responsável pela venda de 20% do caviar produzido no mundo. Coincidência ou não, o interesse da grife em novos mercados surgiu durante a crise financeira na Europa e se estende até Dubai, nos Emirados Árabes, onde também vai inaugurar loja. O executivo nega, porém, que a abertura de novos mercados tenha a ver com uma eventual queda em suas vendas. “Somos muitos tradicionais no mercado europeu.” As parceiras de Petrossian no Brasil são Patricia Abdalla, filha do multimilionário Toninho Abdalla, e Adriana Tutundjian, esposa do executivo Joseph Tutundjian, ex-presidente da Cotia Trading.
Patricia e Adriana irão ajudar na distribuição do caviar Petrossian em hotéis e restaurantes, além de fazer o planejamento de degustações e palestras, que vão acontecer no novo espaço da grife. Esse trabalho não visa apenas aumentar o lucro, mas educar os consumidores da Petrossian, ensinando toda a complexidade do caviar e sugerindo harmonizações. Patricia é só elogios em relação a Petrossian. “Ele é o gênio do caviar”, afirma. Cheio de ideias e inovações, Armen nunca para.” Entre as novidades que serão lançadas em breve no Brasil está um aparelho que funciona como moedor de pimenta mas, em vez do condimento, moe caviar seco.
A marca foi fundada em 1920 pelos irmãos Melkoum e Mouchegh Petrossian (pai de Armen), que emigraram para a França depois da Revolução Bolchevique de 1917. A iguaria ficou famosa no pós-guerra e hoje exibe o título de “melhor caviar do mundo”. Segundo Petrossian, não é por acaso que sua grife tem tamanho prestígio. “Somos muito seletivos. Se eu não gosto, não vendo”, diz. A marca trabalha com 24 tipos de caviar, mas a loja local tem apenas dois disponíveis: Baeri Royal e Alverta Imperial. Os preços não são nada acessíveis aos mortais comuns. Uma porção de 30 gramas chega a custar cerca de R$ 500. Mas Petrossian garante que vale a pena. “Nove entre dez pessoas que provam nosso caviar adoram.” E você, ainda vai conseguir ficar sem experimentar?
Veículo: Isto É Dinheiro