A rotatividade entre os trabalhadores terceirizados do estado de São Paulo é maior entre as pessoas com ensino médio completo, que tenham entre 18 e 29 anos de idade e/ou com contrato temporário de trabalho. A conclusão faz parte do estudo A Dinâmica das Contratações no Trabalho Terceirizado, desenvolvido pelo presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcio Pochmann, e divulgado ontem no Sindicato dos Empregados em Empresas de Prestação de Serviços a Terceiros, Colocação e Administração de Mão de Obra, Trabalho Temporário, Leitura de Medidores e Entrega de Avisos do Estado de São Paulo (Sindeepres).
Segundo o estudo, a terceirização vem fortalecendo o giro dos trabalhadores pelas empresas. Em 2010, por exemplo, a taxa de rotatividade dos terceirizados foi 76,2% maior que a dos ocupados não terceirizados. De 2004 a 2010, a taxa de rotatividade dos trabalhadores não terceirizados passou de 32,9% para 36,1%, enquanto a dos empregados terceirizados passou de 60,4% para 63,6% no estado de São Paulo.
A rotatividade dos trabalhadores terceirizados é maior entre as pessoas que têm de 18 a 29 anos, com taxa de alternância chegando a 72% em 2010. A menor taxa de rotatividade anual foi verificada entre os trabalhadores com mais de 65 anos (34,5%). Entre os trabalhadores com ensino médio completo, a taxa atingiu 69,3% e, entre os analfabetos, 58,8%. Para as pessoas que têm ensino superior completo, o índice foi de 55,8%.
As maiores taxas de rotatividade encontram-se também entre os terceirizados com contrato temporário de trabalho, atingindo 87,1% desses trabalhadores em 2010. Para os empregados com contrato avulso, a taxa anual de rotatividade foi 70,2% em 2010. Entre os empregados em regime de Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), o índice foi 55,6% e, entre os diretores em empresa de terceirização, 18,3%.
Em 2010, somente 31,3% dos trabalhadores terceirizados demitidos no estado de São Paulo conseguiram ser readmitidos no mesmo ano de maneira formal. Os demitidos com ensino superior completo foram os que registraram maior taxa de readmissão.
O estudo também apontou que um em cada cinco trabalhadores terceirizados no estado migra para um trabalho formal em outro município após constantes rupturas dos contratos de trabalho. O mais significativo fluxo migratório provocado pela instabilidade no trabalho terceirizado ocorre entre as cidades de São Paulo e Barueri, que responde por quase 8% das decisões de migração paulista.
De acordo com o estudo, 5,3% dos empregados formalmente terceirizados perdem seu posto de trabalho no estado de São Paulo a cada mês. No Brasil, a taxa de demissão mensal dos empregados terceirizados chega a 4,1%.
"A rotatividade no Brasil é duas vezes maior do que a dos Estados Unidos, que é reconhecido internacionalmente como um mercado de trabalho flexível. Se compararmos a realidade brasileira com a de países europeus, as demissões ocorrem dez vezes mais aqui", disse Pochmann.
Veículo: Diário do Comércio - SP