Uma viagem no iate de um multimilionário italiano está na origem de uma das mais disputadas sorveterias de São Paulo, a Bacio di Latte. Foi em águas da Indonésia, num luxuoso barco que carregava um helicóptero a bordo, que se conheceram os dois proprietários: o escocês Nick Johnston e o italiano Edoardo Tonolli. Nick, o gerente do barco, tinha estudado economia e comércio, chegou a trabalhar no mercado financeiro, mas corria o mundo como manager de iates executivos de luxo. Tonolli viajava a convite dos donos do barco.
A crise europeia trouxe os dois para o Brasil com a perspectiva de abrir um negócio. Mas, coincidências da vida, foi novamente a dona do iate que os fez saber que estavam na mesma cidade, com o mesmo propósito. "A probabilidade de uma coisa dessas acontecer é ínfima", diz Nick, ao contar que a Bacio di Latte, inaugurada nos Jardins há pouco mais de um ano, cresceu 150% no período.
Nas próximas semanas duas novas lojas serão abertas: uma em Moema e outra no shopping JK Iguatemi. O custo da primeira foi de R$ 1,5 milhão e as seguintes devem sair por um pouco menos. A criação de uma rede está prevista desde o início e inclui Rio e Brasília, mas depende da disponibilidade de ingredientes, especialmente o creme de leite, que volta e meia falta no mercado nacional.
A ideia do negócio partiu de Edoardo, que ao chegar a São Paulo percebeu rapidamente que faltavam boas sorveterias. Enquanto a Itália tem por volta de 37 mil gelaterias para pouco mais de 60 milhões de habitantes, a capital paulista tinha duas ou três para milhões. "Junto com isso, percebi que aqui havia restaurantes incríveis, de preços altos, e que não faltavam pessoas com paladar sofisticado, dispostas a pagar por bons produtos", diz.
Como nenhum dos dois entendia do assunto, o savoir-faire foi adquirido na Gelateria Marghera, tida como uma das melhores de Milão. E foi montada uma sociedade, em parte ancorada na Itália, que tem por atribuição mandar para cá os melhores ingredientes. Embora os sorvetes sejam feitos com leite A e açúcar orgânico nacional, 60% dos ingredientes são importados - pistache, avelã e alguns chocolates.
Somando sabores tradicionais, lights e sorbets, confeccionados apenas com frutas frescas, há 26 variedades. A curiosidade entre os de chocolate é que há dois feitos à base de água, que levam apenas 3% de leite em sua composição, o nerissimo e o Costa D'Avorio. Com consistência aveludada e sabor de verdade são um chamativo para chocólatras inveterados em busca de menos calorias.
Veículo: Valor Econômico