Demanda e custo pressionam resultado da Braskem em 2011

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A desaceleração da demanda mundial e aumento dos custos pressionaram os resultados da Braskem no último ano, levando a empresa a quebrar um ciclo histórico de crescimento e amargar um prejuízo líquido de R$ 517 milhões, ante um lucro líquido de R$ 1,889 bilhão obtido em 2010. As tensões no Oriente Médio provocaram muita volatilidade nos preços do petróleo ao longo do ano e, consequentemente, da nafta, principal insumo da maior petroquímica das Américas. No último trimestre de 2011, a companhia registrou prejuízo líquido de R$ 201 milhões, ante lucro líquido de R$ 356 milhões em igual período de 2010.

Segundo o presidente da Braskem, Carlos Fadigas, além da queda de demanda global, o setor petroquímico conviveu com uma compressão da rentabilidade em 2011, devido ao recrudescimento da crise econômica na Europa. O excedente gerado em economias mais desenvolvidas encontrou no Brasil um destino convidativo, conforme o executivo, especialmente em função do real sobrevalorizado, aliado aos incentivos tributários concedidos por alguns estados para a importação através de seus portos, ingressando no País com vantagens sobre o produto nacional.

"Vivemos um momento difícil na indústria, que permaneceu praticamente estagnada, enquanto o consumo era atendido pelas importações", afirma.

Com a oferta em alta, a empresa antecipou as paradas de manutenção nos polos de Camaçari, na Bahia, e de Triunfo, no Rio Grande do Sul, responsáveis por cerca de 65% da capacidade.

No total, a receita líquida de vendas da companhia atingiu R$ 8,71 bilhões no quarto trimestre de 2011, alta de 25% sobre o mesmo período do ano anterior. No ano, a receita líquida chegou a R$ 33,1 bilhões, alta de 19% em relação a 2010. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) somou R$ 718 milhões no quarto trimestre, 33% menor na comparação com o igual período de 2010. A margem Ebitda ficou em 8,2%, recuo de 7,2 pontos percentuais. No acumulado de 2011, o Ebitda ficou em R$ 3,742 bilhões, queda de 8% sobre 2010. A margem Ebitda ficou em 11,3%, queda de 3,3 pontos.

O resultado financeiro em 2011 foi uma despesa de R$ 2,805 bilhões, ante R$ 1,328 bilhão negativo no ano anterior.

Em dezembro de 2011, a empresa acumulava uma dívida bruta de R$ 15,1 bilhões, 6% acima do registrado ao final do trimestre anterior, em setembro. Segundo Fadigas, a dívida continua atrelada ao dólar, porque a empresa gera caixa na moeda norte-americana. "Nossa preocupação, no entanto, é com a relação da dívida com a geração de caixa, que está em 3,2 vezes", explica o executivo.

As dívidas também têm a ver com investimentos feitos pela petroquímica, o que inclui duas plantas novas, uma de PVC, em Alagoas, que entra em operação em maio deste ano, e outra de butadieno, usado em confecção de borracha, no Rio Grande do Sul, que começa operar em julho. "Ao todo, investimos R$ 900 milhões na planta de PVC e R$ 300 milhões em butadieno, além de R$ 170 milhões em expansões em polipropileno (PP)."

Além disso, a companhia acelera seus planos de atuação no México para produção de etileno, que tem como diferencial a matéria prima com base em gás (etano) para atender ao mercado mexicano de polietileno (PE). Também está em andamento o projeto do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). "Estamos definindo agora qual será a matéria prima utilizada, com fonte de gás para produção de polietileno", explica. "Mas o início efetivo do projeto só para 2015".

Reestruturação

Com aquisições dos ativos da Dow , a Braskem decidiu reorganizar sua cúpula. Com isso, a empresa ampliou o quadro ampliando o número de unidades de três para cinco. "Compramos, praticamente, uma empresa por ano e tínhamos de fazer alterações", acrescenta Fadigas. Assim, EUA e Alemanha, que incluem os ativos da Dow, ficarão sob responsabilidade de Fernando Musa. Já a América Latina, que inclui México, Venezuela e Peru, terá no comando Roberto Bischoff. Na área de insumos básicos sai Manuel Carnauba e entra Rui Chammas. Os polímeros terão duas divisões, uma de vinílicos (PVC e Cloro-Soda), a cargo de Marcelo Cerqueira, e de poliolefinas (PE e PP) com Luciano Guindolin, que vem da área financeira do grupo Odebrechet.

"Essas mudanças foram importantes porque, com o avanço do mercado e os novos investimentos, conseguiremos ampliar o foco nas atividades com as novas unidades", explica o presidente da companhia.

Segundo ele, agora a Braskem está concentrada em seu "dever de casa", buscando reduções em seu custo fixo e obter ganhos com sinergias. A captura de sinergias decorrentes da aquisição da Quattor totalizou R$ 400 milhões no ano passado, 6% acima do previstos e para 2012 espera-se a captura integral dos R$ 495 milhões em Ebitda anual e recorrente.

A previsão de investimento para 2012 é de R$ 1,7 bilhão, com a conclusão das novas plantas.



Veículo: DCI


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