Ruas comerciais terão mais cara de shopping

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Como os espaços comerciais estão cada vez mais escassos nos grandes centros de consumo do País, além do aumento do metro quadrado para os locatários que atuam em shopping centers (malls), uma tendência deve ganhar força nos próximos anos entre os empreendedores: investir na instalação de lojas em centros comerciais de rua, que tenham apoio de prestadores de serviços para atrair um fluxo maior de clientes. A perspectiva é de que os lojistas poderão apoiar-se em cenários como o de revitalização de áreas comerciais, aliadas à adoção de conceitos como os de verdadeiros bulevares. Esta deve ser a nova onda no varejo, principalmente na capital paulista, onde nela parecem apostar bandeiras como Marisa, Bob's, Multicoisas, Americanas, Drogaria São Paulo, Collins, TNG; redes de calçados e acessórios como a Tennis Express têm acompanhado essa tendência. Esta última, por exemplo, foi formatada para atuar só com lojas de rua, e sua meta é alcançar 200 unidades até 2014.

Na capital paulista, um exemplo claro de como tem sido desenvolvida a área comercial vem da comparação entre a concentração de shoppings e espaços tradicionais, por conta de ficarem cada vez mais escassos os terrenos em São Paulo para a expansão comercial imobiliária. "Existem perto de 50 boas ruas comerciais em São Paulo, como 12 de Outubro, Joaquim Nabuco, João Cachoeira. No site da Prefeitura de São Paulo constam projetos nesse sentido. Creio no crescimento de polos, como o da Avenida Rebouças, onde veremos em breve mais um centro de comércio e serviços. A ideia é que você [o comerciante] não esteja sozinho na rua, mas em um espaço comercial organizado, com aluguel pago em sinergia. É uma alternativa aos shopping centers em termos de custos", comenta o sócio-diretor da consultoria especializada em varejo ba}Stockler, Luís Henrique Stockler.

Segundo o especialista, várias regiões tendem a ser articuladas em São Paulo no sentido de organizar as áreas comerciais, e há muitas redes, de franquia ou não, atentas a esse novo panorama que deverá ser desenhado nos próximos anos. "A gente tem percebido que empresas como as do setor de moda, por exemplo, enfrentam um dilema: o de acompanhar a inauguração dos shopping centers, com esse boom que vemos no setor, mas ao mesmo tempo vivenciar o aumento de preço do aluguel nesses centros de compras. Ainda que as margens sejam boas, as marcas têm de analisar a necessidade de espaços maiores e, com isso, têm de arcar com altos custos de locação. É tudo questão de se fazer uma conta", afirma Stockler.

Para o consultor, a explicação do maior interesse de algumas redes em voltar seu planejamento estratégico para operações em rua está justamente em questões como a mudança de conceitos, também por conta dos clientes. Para ele, para que a loja de moda seja competitiva ela precisa ter ofertas, espaço para mostrar cores, detalhes, manequins - como no caso de marcas que atuam no ramo de vestuário e acessórios. "Tem de ser uma loja razoavelmente grande, de 60 a 80 metros quadrados, em média. É bom pensar que esse tipo de operação consegue vender, em boa parte dos casos, o mesmo de uma loja de até 120 m², praticamente." Em sua opinião, as empresas que têm escolhido implementar operações em rua não estão negando os centros de compras, mas aprendendo a analisar na ponta do lápis o que é mais rentável.

"Um exemplo claro é que em centros de compras é preciso ter três turnos dos colaboradores, em boa parte dos casos. Na rua você tem dois, com um custo fixo menor, devido a uma equipe menor. Assim, a folha de pagamento fica menor. Primeiro tem o custo do aluguel. Depois o custo da mão de obra que já é escassa. Em terceiro tem a questão do ponto", destaca o sócio da consultoria paulistana. Ele comenta ainda o como avançaram outras questões que envolvem o dia a dia dos lojistas: "Vale lembrar que o comércio de imóveis vivia havia muito tempo na informalidade, mas hoje em dia não existe mais isso de montar um negócio achando que é possível sonegar. Hoje de 80% a 90% das operações são feitas com cartões de crédito, onde não se sonega nada. Assim, os centros de comércio e serviços, no estilo mall, usando a linguagem norte-americana, surgem como opções diferentes ao pensarmos no varejo. Essas áreas contam com postos de gasolina e outros braços de serviços: unidades bancárias, pet shops, e farmácias, além das lojas comerciais".

Demanda pelos emergentes

Enquanto a apuração do Ibope Inteligência mostra a maioria dos consumidores frequentes em shopping centers voltados às classes A e B, o instituto Data Popular aponta a ascensão financeira das classes emergentes (C, D e E) como já responsável por mais da metade do consumo no País, sendo elas todas grandes frequentadores de lojas de rua. Há, nesse sentido, uma gama de empresas atentas aos potenciais novos clientes, e uma delas é a marca Tennis Express, criada pela holding Afeet, um grupo de cerca de 160 lojas, entre próprias e franquias, e que detém outras três bandeiras: Authentic Feet, Artwalk e Magic Feet.

Responsável pelo faturamento estimado de R$ 250 milhões, a perspectiva da holding é repetir este ano o crescimento visto no ano passado, de 15%, principalmente com o projeto de expansão da nova bandeira criada para operar apenas com lojas de rua. Em entrevista ao DCI, Adriano Obeid, sócio-diretor da Tennis Express ressalta os negócios da empresa como os de uma "franquia democrática, que opta por este tipo de localização de ponto de venda em regiões de grande fluxo de clientes que circulam nas ruas, em vez de shopping centers".

De acordo com ele, a empresa fez um mapeamento para identificar as principais praças de comércio o País. "Temos potencial de crescimento em 5 a 6 anos de até 250 lojas, em polos comerciais de rua. Parâmetros como a população do entorno, em cidades de 200 mil pessoas que possam comportar lojas assim. Vimos que na rua o custo é mais viável do que nos shoppings hoje em dia. Os centros de compras se valorizaram muito e o custo das propriedades aumentou, impactando os aluguéis dos malls. Assim, o setor se concentrou nas mãos de grandes grupos, e quando isso acontece o preço dispara", ressaltou o executivo. Ele destaca até mesmo a facilidade na questão captação de franqueados, quando fala-se em custos. Investir em uma loja em shoppings demanda cerca de R$ 700 mil. Já na loja de rua, o aporte inicial chega a cair praticamente à metade.

 

Veículo: DCI


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