Divergências mantêm o Consecitrus na geladeira

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Era para ter sido assinado ontem, em São Paulo, o estatuto do Conselho da Citricultura (Consecitrus), nova entidade costurada por produtores de laranja e indústrias de suco com o objetivo de ordenar as relações entre as partes e melhor organizar o segmento em diferentes frentes, desde negociações de preços até a realização de pesquisas e campanhas de marketing. Mas novas divergências emergiram na última hora e a assinatura teve de ser adiada.

Discutido com maior profundidade desde 1999 e intermediado por João Sampaio, ex-secretária da Agricultura de São Paulo, o Consecitrus nascerá, desde que superados os últimos ruídos, apenas com o apoio da Associação Nacional dos Fabricantes de Sucos Cítricos (CitrusBR), que reúne as grandes exportadoras de suco que atuam no país - Citrosuco/Citrovita, Cutrale e Louis Dreyfus Commodities - e da Federação da Agricultura do Estado de São Paulo (Faesp), que representa um dos grupos de produtores paulistas.

As duas outras entidades que representam grupos distintos de citricultores - Sociedade Rural Brasileira (SRB) e Associação Brasileira de Citricultores (Associtrus) - retiraram o apoio inicial à criação do conselho ao longo do processo. A decisão da SRB nesse sentido foi tomada há poucos dias, por divergências com a Faesp. Já a Associtrus, crítica contumaz da postura das indústrias nas negociações com seus fornecedores da fruta - inclusive com acusações de formação de cartel que ainda são investigadas pelas autoridades antitruste - já não participava das negociações há meses.

Mesmo assim, estima-se que o Consecitrus reunirá produtores responsáveis pela colheita de 100 milhões de caixas de 40,8 quilos por safra. Somado ao volume produzido pelas próprias empresas exportadoras, que representa de 30% a 40% de suas demandas, a representatividade deverá alcançar 70% da oferta total de laranja utilizada pelas grandes indústrias. A maioria dos citricultores é paulista, mas fornecedores do Triângulo Mineiro e do Paraná também poderão aderir. Quando for assinado, o Consecitrus terá de ser submetido à aprovação do Cade.

A adesão ao Consecitrus será voluntária e gratuita. Ações específicas que dependam de recursos terão de ser aprovadas pelos participantes do Consecitrus. Elaborado pelo economista Alexandre Mendonça de Barros, que lidera o braço agrícola da consultoria MB Associados, o estatuto trata da divisão de poderes da entidade e estabelece o arcabouço básico de sua estrutura, com questões como números de superintendências e de divisões de trabalho, além dos parâmetros básicos para o cálculo dos preços da laranja entregue pelos citricultores às indústrias.


Veículo: Valor Econômico


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