A inflação na cidade de São Paulo, medida pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (IPC-Fipe), foi influenciada principalmente pelo aumento do cigarro na segunda quadrissemana de abril. O produto, que teve seus preços reajustados pela Souza Cruz, detentora de cerca de 80% do mercado, exerceu o maior impacto individual na atual leitura do indicador, de 0,07 ponto percentual.
A empresa incorporou a alteração tributária do produto prevista para maio já a partir de abril, decisão que deve impactar os índices de inflação do mês. O IPC-Fipe subiu de 0,14% para 0,24% entre a primeira e a segunda prévia de abril, com taxas maiores em quatro das sete classes de despesas.
Ao avançar de 0,94% para 5,75% no período, o cigarro puxou a reboque o grupo despesas pessoais, que passou de deflação de 0,09% na primeira medição do mês para elevação de 0,5% na atual. Segundo o coordenador do IPC-Fipe, Rafael Costa Lima, os outros componentes do grupo estão com preços comportados, mas a tendência é de que o aumento do cigarro continue acelerando o indicador geral. "A concorrente ainda não reajustou seus preços", diz Lima, para quem a alta do produto pode chegar a 19% no IPC-Fipe da primeira quadrissemana de maio, período em que atingirá seu pico.
O economista Thiago Curado, da Tendências Consultoria, calcula que o reajuste feito pela Souza Cruz em sua tabela de preços ultrapassou os 25%. Já o aumento de preços da Philip Morris, a segunda maior do mercado, estima Curado, deve ocorrer apenas em maio, tendo em vista o comportamento da empresa em outros anos de mudança do regime tributário.
Curado viu como "boa notícia para o cenário inflacionário" a estabilidade nos preços dos alimentos no IPC da Fipe, trajetória que, em sua visão, será mantida até o fim do mês. O grupo encerrou março com alta de 0,47%, subiu 0,46% depois e, na segunda semana do mês, ficou em 0,44%.
Veículo: Valor Econômico