Para ter o direito de vender trigo ao governo em 31 de março de 2009 por R$ 530 a tonelada, produtores e cooperativas do Paraná pagaram ágio de 369% sobre o prêmio estabelecido no leilão de contratos de opção de venda promovido pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Foram ofertados 3.705 contratos de 27 toneladas no Paraná e negociados todos. No total, o governo ofertou 7.010 contratos de opção de venda de trigo, sendo 3.705 para o Paraná, 2.000 para o Rio Grande do Sul, 500 para São Paulo, 400 para Santa Catarina, 180 para Minas Gerais, 150 para o Mato Grosso do Sul e 75 para Goiás.
Também houve ágio no Rio Grande do Sul: os produtores gaúchos pagaram prêmio de R$ 82 por cada contrato adquirido (14% sobre o valor inicial de R$ 71,55). No caso do Paraná, o prêmio ficou em R$ 336 por contrato. O interesse em negociar com o governo deve-se à falta de demanda por trigo no mercado e à tendência de queda nos preços do cereal, tanto no mercado interno como no internacional.
Os produtores de milho também deverão ser contemplados com ações da Conab. Em audiência na Comissão de Agricultura, Carlos Eduardo Tavares, superintendente de gestão da oferta da entidade, disse que existe a intenção de dar a esses agricultores a opção de compra de 2 milhões de toneladas de milho que poderão ser vendidas ao próprio governo ou ao mercado caso o preço seja favorável.
A Conab também estuda o aumento do preço mínimo para a commodity em 2009. Segundo Tavares, o incremento seria regionalizado e o valor da saca passaria de R$ 14 para R$ 16,50 no Sul e no Sudeste; de R$ 11 para R$ 13,20 em Mato Grosso e Rondônia; e de R$ 14 para R$ 19 no Nordeste.
Estabelecer um preço mínimo para garantir rentabilidade ao produtor deverá ser um mecanismo bastante utilizado no próximo ano. Durante a Conferência Internacional de Biocombustíveis, realizada em São Paulo na última semana, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, afirmou que o governo poderá lançar mão desse recurso para não comprometer a safra de 2010.
"O governo utilizará as políticas de preço mínimo, estoque, compras de opção e de incentivos ao escoamento da produção", afirmou Stephanes.
A política que garante um preço mínimo ao produtor será usada não só para amenizar a queda dos preços internacionais , mas para evitar uma queda de produção no País ainda maior. Para isso, o governo pretende reservar R$ 2,5 bilhões.
Veículo: DCI