Compra da divisão de nutrição infantil da Pfizer, por US$ 11,8 bilhões, aumenta a musculatura da empresa suíça nos países emergentes, especialmente do Sudeste Asiático.
Quando reuniu a imprensa na sexta-feira 20, para apresentar os resultados do primeiro trimestre, Paul Bulcke, presidente mundial da suíça Nestlé, se mostrou preocupado. “Como era esperado, 2012 já se confirma como um ano difícil.” A frase, em tom de desabafo, estava relacionada à tímida evolução das vendas da companhia. No acumulado janeiro-março, o faturamento cresceu 5,6% em valor, para US$ 23,4 bilhões, e escassos 2,8% em volume. Para melhorar o desempenho da Nestlé, Bulcke disse que iria intensificar, ainda mais, as apostas nos mercados emergentes. Na segunda-feira 23, o executivo deu o primeiro passo nesse sentido, ao anunciar a compra da divisão de nutrição infantil da americana Pfizer.
Pagou US$ 11,85 bilhões pelo negócio, ao impor-se num leilão que envolveu a francesa Danone e a americana Mead Johnson. A transação reforça ainda mais a presença da Nestlé em um mercado avaliado em US$ 27 bilhões e no qual ela lidera com uma fatia de 17%. Também coloca a Nestlé em uma posição de destaque nos países emergentes, especialmente os do Sudeste Asiático. Algo considerado vital em função da debilidade das economias americana e europeia. Hoje, a melhor performance da fabricante de produtos alimentícios acontece exatamente nos mercados emergentes, cujas vendas cresceram 13,3% ante os 4,3% nos países ricos.
“Com a Pfizer Nutrition reforçamos nosso compromisso de buscar a liderança global em nutrição, saúde e bem-estar”, disse Bulcke em comunicado. A divisão possui faturamento estimado em US$ 2,4 bilhões. No Brasil, que já se firmou como o terceiro maior mercado da Nestlé, atrás apenas dos Estados Unidos e da França, ainda não são conhecidos os impactos dessa aquisição. Hoje, o portfólio da Nestlé reúne algumas das marcas de maior prestígio nessa linha, como Nan, Lactogen e Nestogen. Desde a semana passada passou a contar com Promil, SMA e S-26 Gold.
Para a Pfizer, a transação representa mais um capítulo na política de alienação de ativos fora de seu negócio principal, que é o desenvolvimento de medicamentos para o tratamento de doenças graves. No período 2010-2013, está previsto o vencimento de patentes de remédios que, somados, garantem US$ 29,2 bilhões por ano. Os recursos serão usados para reforçar o caixa da área de pesquisa, além de financiar o programa de recompra de ações. A cotação dos papéis da Pfizer desabou em julho de 2007 para US$ 14,77. Desde então vem se recuperando lentamente e a venda da divisão marcou uma nova trajetória de alta, atingindo US$ 22,89.
Veículo: Isto É Dinheiro