Entidade propõe regras para publicidade de "junk food"

Leia em 2min

Opas quer menos exposição das crianças ao marketing de alimentos gordurosos


Regulamentação proposta em 2010 no país foi suspensa pela Justiça; indústria foi
contra a medida

A Opas (Organização Pan-Americana de Saúde), braço da OMS para as Américas, quer apertar o cerco à publicidade de alimentos e bebidas não alcoólicas -especialmente as supercalóricas e com baixo valor nutricional- para crianças. A entidade apresentou ontem, no Rio, suas diretrizes para promoção desses produtos.

A entidade pede uma integração de várias instâncias para a criação de políticas restritivas, controlando inclusive a divulgação de marcas e alimentos "disfarçada" de conteúdo educacional em escolas, como apresentações teatrais e palestras promovidas por empresas.

"Já existem evidências da ligação entre a publicidade de alimentos e a obesidade infantil. Chegou a hora de fazermos alguma coisa", diz Corinna Hawkes, consultora da Opas e da OMS e pesquisadora da área.

Pesquisas recentes no Brasil mostram que 15% das crianças são obesas.

"E não faltam estudos que mostrem que as crianças obesas têm grande probabilidade de serem adultos obesos, com todos os problemas de saúde e sociais associados a isso", completa Isabella Henriques, diretora do Instituto Alana, ONG que participou da elaboração das diretrizes.

"A sociedade civil está fazendo muitas coisas positivas. Quisemos agregar essas experiências", disse Hawkes durante o World Nutrition, maior congresso de nutrição em saúde pública do mundo. O evento, no Rio, acaba hoje.

Um dos principais pontos das orientações é a necessidade de discutir as políticas restritivas entre as várias instâncias do governo e também a indústria alimentícia. Isso evitaria que, depois da criação das regras em cada país, houvesse contestação judicial por alguma parte, como já aconteceu no Brasil.

Em 2010, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) publicou uma resolução que previa alertas em anúncios de alimentos com com alto teor de sódio, açúcar e gordura.

Após a publicação, a medida foi contestada pela Associação Brasileira da Indústria de Alimentação, que conseguiu, na Justiça, suspender sua entrada em vigor.

Para a indústria, a agência não tem a função de criar regras para a publicidade de alimentos, papel desempenhado pelo Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária).

Para Hawkes, a autorregulamentação não é suficiente.

"A quantidade de dinheiro gasto pela indústria com propaganda é muito maior do que a verba para a educação sobre a alimentação. É uma briga desigual", diz Enrique Jacoby, consultor da Opas.


Veículo: Folha de S.Paulo


Veja também

Nestlé para menores

Compra da divisão de nutrição infantil da Pfizer, por US$ 11,8 bilhões, aumenta a musculatur...

Veja mais
Menos imposto

A Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos (PróGenéricos...

Veja mais
Como eletrodoméstico, pneu terá selo de eficiência

Os pneus passarão a ser classificados pelo Inmetro conforme sua segurança e eficiência energé...

Veja mais
Antibióticos voltam a ter crescimento de vendas

Exigência de retenção de receita fez saída dos remédios cair em 2010Número j&aa...

Veja mais
Anvisa é alvo de críticas por abrigar exposição patrocinada

Mostra com infográficos sobre obesidade tem o apoio da Coca-Cola Uma nota publicada anteontem no site do Consel...

Veja mais
Oferta de leite cai 3,8% em março

A produção de leite está em queda neste início de ano. Apesar de as principais regiõe...

Veja mais
Apetite chinês volta, e preço de grãos sobe

EUA informam vendas robustas de soja e milho ao país asiático e aumentam apreensão sobre baixos est...

Veja mais
Banco usa lojista para oferecer crediário

Serviço é para clientes do BB e do Bradesco Consumidores correntistas do Banco do Brasil e do Bradesco v&a...

Veja mais
Zurita deixa comando da Nestlé no Brasil após 11 anos

Empresa afirma que executivo vai se aposentar; desempenho recente, no entanto, desagradava à matriz suí&cc...

Veja mais