Redução de sódio, açúcar e gordura cria novos negócios

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Empresas como Tate & Lyle, Merck, Ajinomoto e DuPont Danisco, que hoje importam ingredientes usados como alternativa à redução de sódio açúcar e gorduras na indústria de alimentos, preveem aumento de demanda de até 18% ao ano nos próximos dez anos, o que pode gerar a necessidade de novas fábricas ou de expansão das plantas atuais no País.

O acordo firmado entre Ministério da Saúde e associações da indústria para a redução de sódio em 16 categorias de alimentos e o esforço do setor para também diminuir o uso de açúcar e gorduras, respondendo ao anseio dos consumidores, deve resultar em aumento de custos para fabricantes de produtos finais. No entanto, a mudança representa oportunidade de negócios para fornecedores de ingredientes.

A PepsiCo, que desde 2007 reduz sódio, açúcar e gordura saturada em seus alimentos voltados para crianças, antecipando-se à determinação governamental, vê a adaptação do paladar do consumidor como principal desafio à mudança. "Ela tem que ser gradativa, porque o consumidor brasileiro tem uma tendência aos extremos, ao muito doce e ao muito salgado", afirma o diretor de pesquisa e desenvolvimento da companhia, Sérgio Julio.

Segundo ele, as alternativas ao sal de sódio, como sal de potássio, extratos de leveduras, glutamato monossódico, enzimas, aromas, realçadores de sabores e o sal natural com cristais alterados para aumentar a percepção de salgado com menor volume do produto são ingredientes muito mais caros do que o tradicional. "O substituto mais barato para o sal custa hoje 80 vezes mais do que o sal de cozinha, já o óleo mais saudável pode custar o dobro", diz.

Para que não haja redução das margens com o aumento de custo, nem a necessidade de aumentar preços ao consumidor, a empresa busca um ganho de produtividade associado à mudança de matérias-primas, de forma a ter um custo de manufatura menor. "Trabalhamos próximos aos fornecedores, para criar soluções conjuntas, que levem ao crescimento do nosso negócio", diz.

E os fornecedores crescem junto. A inglesa Tate & Lyle, com uma planta no Brasil, em Santa Rosa do Viterbo (SP), espera que substitutos para açúcar representem 50% do negócio em 10 anos, ante participação atual de 32%.

A companhia, que se desenvolveu como fabricante de açúcar, oferece ao mercado brasileiro três tipos de adoçantes naturais importados e está trabalhando no desenvolvimento de um sal com cristais expandidos. O diretor comercial Ijones Constantino, acredita que esse segmento de maior valor agregado será o futuro da indústria de ingredientes. "À medida que aumenta a busca por produtos saudáveis, projetamos que, num curto espaço de tempo, entre cinco e dez anos, já tenhamos outras plantas aqui no Brasil", afirma.

A alemã Merck acaba de entrar no mercado de produtos para redução de sódio e açúcar, com o lançamento de um sal com baixo teor de sódio e um adoçante natural, ambos importados. O diretor da área de Pharm Cheminal Solutions, Bruno Couri de Souza, espera que o segmento represente de 8% a 10% da receita da divisão em três a cinco anos.

"Nosso trabalho é fazer com que o ingrediente não seja avaliado pelo preço, mas pelo potencial de venda futuro do produto, além disso, ajudamos as empresas na readequação da formulação dos alimentos, de forma a conseguir um custo competitivo, com menos sódio", explica. Segundo ele, o aumento de demanda pode gerar a necessidade fabricação local. "Um projeto gigantesco com cinco grandes empresas de alimentos nos foi apresentado no ano passado e não haveria outra alternativa a não ser produzir no Brasil, mas o projeto está em stand by, devido à questão do aumento de custo", conta ele, sem revelar os potenciais clientes

A japonesa Ajinomoto, que tem no glutamato monossódico 70% da receita de sua divisão de Food Ingredients - responsável por 26% do faturamento de R$ 1,6 bilhão obtido no ano fiscal de 2010 - tem registrado crescimento de 5% ao ano na divisão. Fabricado em Limeira e Laranjal Paulista (SP), o glutamato passa por forte aumento de demanda, com a venda de 7 mil toneladas ao ano no mercado brasileiro.

"Com a redução de sódio, a demanda vai ser ainda maior, mas muitos clientes estão esperando o posicionamento dos líderes de mercado para definir suas estratégias", afirma o diretor da divisão, Marcelo Machado. Segundo ele, outro produto oferecido pela empresa como solução para a redução de sódio, a enzima transglutaminase, hoje importada, pode vir a ser fabricada no Brasil, a depender da demanda, o que exigiria aportes na expansão das plantas atuais da companhia.

A Danisco, adquirida em 2011 pela americana DuPont, também planeja investir por conta da mudança de ingredientes. "Algumas de nossas plantas já estão com alta taxa de ocupação e temos planos de investimentos para atender ao aumento de demanda, tanto pelo crescimento orgânico do mercado quanto devido à substituição de sal, açúcar e gorduras", afirma o líder regional do negócio de Nutrição e Saúde da companhia, Zacarias Karacristo.



Veículo: DCI


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