As cotações da soja devem continuar pressionadas até, pelo menos, junho, diante de quebras consecutivas de safras nos últimos dois anos na América do Sul e nos EUA e da demanda firme da China. Os contratos com vencimento em maio encerraram a semana passada cotados a US$ 14, 75/bushel - alta de 3,9% em 30 dias. "Todos os olhos estarão voltados para o relatório que o governo americano irá divulgar em junho com a área plantada sobre soja para a próxima safra. Se houver um recuo, pode haver mais pressão", diz Leonardo Menezes, consultor da Céleres.
Até junho, a oferta e demanda do produto permanecerão apertadas. Ele estima que os preços possam chegar a US$ 16 por bushel, se houver algum imprevisto na colheita americana do próximo ano. Caso a crise econômica se agrave, os preços poderiam cair até um patamar de US$ 12 o bushel.
Segundo dados da Céleres, entre janeiro e março, a China importou aproximadamente 140% a mais de soja brasileira do que o registrado em igual período do ano passado. Essa realidade conjugada com a quebra de safra deve contribuir para que os estoques finais da oleaginosa no Brasil terminem a safra 2011/12 em valores 84,1% menores do que o apurado no final de 2010/11. "Para ter uma noção da gravidade da situação, caso as atuais projeções da segunda safra de milho sejam confirmadas, a soja poderá perder, em 2011/12, o posto de líder na produção agrícola nacional para o milho", estima Menezes. Nesse cenário, a oferta de soja do Brasil pode ser mais restrita em 2013, o que seria outro fator de pressão sobre os preços.
Para o economista Fabio Silveira, da RC Consultores, os preços da soja têm se mantido elevados também pela influência de fundos de investimentos globais especulam em soja e petróleo. Isso aliado à oferta menor da oleaginosa, pelos problemas climáticos nos Estados Unidos, Argentina e Brasil nos dois últimos anos, tem mantido os preços elevados. "Se o relatório de junho apontar que área plantada nos EUA, isso pode reduzir a pressão sobre as cotações, mas não acho que eles irão despencar, mas se manter em um bom patamar."
A oferta de cana-de-açúcar teve aumento importante neste ano, podendo ter subido de 635 milhões para 726 milhões de toneladas, o que elevou a oferta de etanol e de açúcar. "A desvalorização do real diante do dólar, que está em 7% a 8%, tem compensado esses preços em queda, o que não fará o produtor perder muito." No café, os preços médios devem cair de 15% a 20% neste ano, estima ele.
Veículo: Valor Econômico