Preços praticados no mês de abril ficaram estáveis.
A aproximação do final da comercialização da safra 2011 de café fez com que os preços em Minas Gerais, ao longo de abril, se mantivessem entre a estabilidade e uma pequena alta. Segundo os dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a cotação do produto nas principais regiões produtoras do Estado variou entre R$ 376,74 e R$ 380,94 por saca de 60 quilos. A expectativa é que os preços sejam impulsionados pela capitalização dos produtores que terão condições de segurar a safra em busca de preços mais competitivos.
Os dados do Cepea mostram que os produtores mineiros da região Sul do Estado receberam em média R$ 372,63 por saca de 60 quilos ao longo de abril. O valor se manteve praticamente estável com variação negativa de apenas 0,3%, frente ao preço recebido em março.
No Cerrado mineiro, a situação foi mais favorável, com os preços sendo impulsionados em 1,2% e a média na cotação de R$ 378,22 por saca de 60 quilos. No final de março o preço predominante era de R$ 376,36 e passou para R$ 380,94 em abril.
De acordo com os dados do Cepea, na média nacional os preços do café arábica no mercado seguiram em queda em abril. Os pesquisadores ressaltam que o movimento de baixa persiste desde o início deste ano. As quedas em abril, especificamente, ocorreram de forma menos intensa em relação aos meses anteriores.
O Indicador Cepea/Esalq do arábica tipo 6 bebida dura para melhor teve média de R$ 379,53 por saca de 60 quilos em abril, valor 2,1% inferior a média registrada em março. Na Bolsa de Nova York (ICE Futures), a média de todos os vencimentos em abril foi de 180,50 centavos de dólar por libra-peso, recuo de 4,8% em relação à de março.
Consumo - Para o superintendente de Política e Economia Agrícola da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), João Ricardo Albanez, o aumento do consumo do produto e os estoques baixos poderão contribuir para a retomada dos preços.
"Mesmo com a crise econômica na Europa e nos Estados Unidos, a tendência é que a demanda por produtos alimentícios continue em alta. Geralmente, em momentos de crise financeira, esses itens são os últimos a serem cortados. Além disso, a demanda interna está em alta o que também irá contribuir, em partes, para a retomada dos preços pagos aos cafeicultores", avalia Albanez.
Segundo o Cepea, a temporada brasileira 2011 de café foi um marco em termos de consumo interno do grão. Dados da Organização Internacional do Café (OIC), divulgados em abril, indicaram que a demanda brasileira por café aumentou 5% em comparação com a safra 2010, totalizando cerca de 20,3 milhões de sacas de 60 quilos.
Considerando-se as últimas 12 temporadas, o aumento na demanda nacional é de expressivos 53,6%. O consumo aumentou também em vários outros países na atual safra.
Levando-se em conta somente o consumo dos países produtores e exportadores de café, a demanda em 2011/12 é de 43,3 milhões de sacas, de acordo com a OIC. Isso corresponde a um incremento de 2,8% em relação ao estimado para 2010/11 e de 59,5% frente à safra 2000/01. O Brasil continua com considerável vantagem, sendo o maior consumidor da bebida entre os inclusos neste grupo, com participação de 46,9% no total demandado.
Demanda - Em relação à demanda global por café, incluindo os países importadores do grão, os últimos dados divulgados pelo OIC, que correspondem ao ano civil de 2010, indicam que o consumo total foi de 135,8 milhões de sacas. A expectativa para os próximos anos é que o consumo siga crescente.
Diante do cenário, as projeções indicam que o consumo pode se igualar ou até mesmo superar a produção em algumas temporadas. Referente à safra 2011/12, a estimativa mais recente da OIC é de que a produção mundial seja de 131 milhões de sacas, inferior ao consumo global de 135,8 milhões de sacas já alcançado na temporada anterior.
Assim, a expectativa para o longo prazo é de que os preços do café se mantenham em patamares elevados, visto que poderá não ser possível a formação de elevados estoques do grão.
"As expectativas em relação à retomada dos preços são positivas. O governo federal deverá liberar nos próximos dias crédito para que os cafeicultores mantenham os estoques e possam negociar a safra em um período de preços mais favoráveis. As grandes tradings se mantiveram retraídas até o momento, poderem a tendência é que as mesmas voltem ao mercado e alavanque a demanda pelo grão", disse Albanez.
Veículo: Diário do Comércio - MG