Após três décadas, Casio inicia operação direta no Brasil

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Depois de 30 anos atuando no Brasil por meio de um distribuidor, a fabricante japonesa Casio iniciou uma operação direta no país. Com a mudança, a expectativa da empresa é ganhar autonomia para promover seus produtos.

A operação local começou a ser estruturada em 2008, quando a Casio abriu um escritório de vendas e marketing em São Paulo. A mudança ganhou força em março do ano passado, depois de a companhia cancelar o contrato com o distribuidor que mantinha até então e assumir, gradativamente, o processo de venda, disse Masakazu Hirano, diretor-presidente da Casio no Brasil, ontem, ao Valor.

As alterações também afetam os negócios da Casio na América Latina. "Fechamos o escritório em Miami e trouxemos a sede dos negócios na região para o Brasil", disse Hirano.

Atualmente, a operação no país conta com 60 funcionários. O plano é incorporar mais 10 em dois meses. De acordo com o executivo, a previsão é investir R$ 7 milhões para reposicionar a marca no Brasil. O valor, que não inclui a contratação de pessoal, prevê ações como publicidade e a inauguração de uma loja própria em um shopping de São Paulo no segundo semestre. Para 2013 estão previstas mais 15.

A Casio tem como principais produtos calculadoras, relógios de pulso analógicos e digitais, instrumentos musicais, câmeras e equipamentos para empresas. No Brasil, a companhia teve muito destaque nos anos 90 com os relógios da linha G-Shock e dos modelos com agenda eletrônica.

Segundo Hiroshi Nakamura, diretor-geral de vendas para mercados internacionais da Casio, o Brasil representou um quarto da receita da companhia na América Latina no ano fiscal em 2012 (encerrado em março), o equivalente a 3,37 bilhões de ienes (US$ 40,8 milhões) de um total de 13,5 bilhões de ienes. A fabricação local de produtos está em estudo.

A expansão em mercados emergentes faz parte da estratégia de crescimento da companhia nos últimos dois anos. Em 2012, a Casio registrou uma receita global de 301,6 bilhões de ienes (US$ 3,66 bilhões), 11,7% a menos que no período anterior.

A queda é atribuída à redução da participação que a companhia detinha na joint venture com as também japonesas Hitachi e NEC na área de telefones celulares. No ano fiscal mais recente, o mercado japonês foi responsável por mais de 40% da receita da Casio. As vendas de produtos voltados aos consumidores residenciais, como câmeras e relógios de pulso, responderam por 71% do valor total.

Tablets, smartphones e TVs de tela fina - produtos que se tornaram estrelas no mercado de consumo - não fazem parte dos planos de produção da Casio. A estratégia da companhia é manter-se concentrada nos produtos que já sabe fazer. "Esses novos produtos exigem muito investimento e não há certeza se serão lucrativos em um prazo de cinco anos", disse Nakamura. "Preferimos continuar fazendo o que sabemos, apostando em tecnologias para reduzir o tamanho dos produtos." Segundo o executivo, o caminho a seguir é a integração de funções como conexão sem fio Bluetooth nos relógios, para que eles funcionem em conjunto com smartphones e tablets.

A decisão da Casio de manter sua linha de produtos mais restrita que a de concorrentes como a também japonesa Sony e a sul-coreanas Samsung e LG explica, em parte, a diferença de tamanho entre las. Com amplas linhas de produtos, que vão de eletroeletrônicos a eletrodomésticos, as rivais têm receitas que podem chegar a centenas de bilhões de dólares, várias vezes o faturamento da Casio.

Nakamura questionou, porém, o modelo de negócios das concorrentes. "A Sony e a Samsung têm tido problemas com os negócios em TV, que caem de preço ano a ano. Isso não paga o investimento. Preferimos ter um porte menor com lucro", disse o executivo.

Mesmo fora de segmentos sensíveis como o de aparelhos de TV, a Casio tem sentido os reflexos da crise econômica, que reduziu o consumo em vários mercados internacionais. A receita da empresa, que chegou a 623 bilhões de ienes em 2008 (US$ 6,2 bilhões), caiu quase pela metade em 2011. Entre 2009 e 2010, a Casio registrou prejuízos da ordem de US$ 200 milhões, mas voltou à lucratividade em 2011, com um resultado positivo de US$ 68 milhões. Em 2012, o número caiu para US$ 30 milhões. Para 2013, a expectativa é multiplicar esse valor por quatro.




Veículo: Valor Econômico


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