ndústria calçadista deve crescer 4,5% em 2012
As medidas de estímulo ao consumo devem impulsionar um avanço de 4,5%, para R$ 22,73 bilhões, no faturamento da indústria nacional de calçados neste ano, projeta a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados). Mas essa performance ocorrerá sobre uma base de comparação comprimida: em 2011, o volume fabricado, o investimento e o emprego no setor encolheram. O faturamento ficou estável.
Um estudo da Abicalçados em parceira com o Instituto de Estudos e Marketing Industrial (Iemi), divulgado ontem, mostra que o volume de pares confeccionados no país caiu 8,4%, para 819 milhões em 2011.
"Estamos apostando numa retomada da economia doméstica a partir de queda dos juros", diz Heitor Klein, diretor executivo da Abicalçados. Ele estima um crescimento de 3,4% na quantidade de pares fabricados em 2012.
Marcelo Prado, diretor do Iemi, diz que a entrada de grandes redes varejistas de vestuário na venda de calçados, como a C&A e, mais recentemente, a Marisa, ajudará o setor. "É um novo canal", comenta.
O saldo de pessoas empregadas em dezembro de 2011 na indústria de calçados caiu 3,2%, para 335,5 mil, em relação ao mesmo período do ano anterior. Os investimentos do setor somaram R$ 521 milhões, em queda de 2%.
Além do desaquecimento da economia, Klein atribui o mal desempenho do indústria calçadista à questão cambial. No período, diz ele, o dólar médio foi de R$ 1,67 patamar "inviável" para o setor.
Por causa disso, o volume financeiro das importações brasileiras de calçados avançou 40%, para US$ 427,7 milhões no ano passado. O países que mais ganharam com a venda de seus produtos para o Brasil foram Vietnã (43 % do total importado), Indonésia (22,5%) e China (16,4%). "O antidumping é contra a China, mas a maior parte das importações foram do Vietnã", ressalta Klein.
Em paralelo, pagamento das exportações brasileiras caiu 13%, para US$ 1,3 bilhão no ano passado. Em número de pares, a queda foi de quase 21%, para 113 milhões, ou 13,8% do total produzido no país.
De janeiro até abril, as importações avançaram 15% em relação ao mesmo período do ano passado, enquanto as exportações caíram 18%, na mesma comparação. Os negócios com a Argentina - segundo principal destino dos produtos nacionais depois dos Estados Unidos -, ainda estão travados, com a demora na liberação das licenças de importação desde junho. Pelos cálculos da Abicalçados, mais de 11 milhões de pares já contratados estão esperando para entrar no país hoje.
Por um acordo de 2009, o Brasil limitou a exportação de calçados para a Argentina a 15 milhões de pares por ano. "Enxergamos um potencial de venda de 25 milhões de pares ao ano [para a Argentina]", calcula Klein.
Veículo: Valor Econômico