Café tenta recuperar espaço em São Paulo

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O Estado de São Paulo, que já foi o maior produtor de café do Brasil, passa por um processo de recuperação de área e mais investimentos nas lavouras. Os preços remuneradores dos últimos dois anos adubaram o avanço do padrão tecnológico nos cafezais, garantindo maior produtividade e qualidade dos grãos. Houve redução dos custos e mais aportes em mecanização, irrigação e pós-colheita. Em algumas regiões tradicionais, o crescimento de área nova de cafezais foi próxima de 7%.

Em uma das principais regiões produtoras do Estado - a Alta Mogiana, a produtividade média é de 30 a 31 sacas por hectare, número superior à média nacional estimada de 24,36 sacas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a safra 2012/13, que tem início em julho.

Celso Vegro, pesquisador científico do Instituto de Economia Agrícola (IEA), vinculado à secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, diz que a Alta Mogiana, na região de Franca, é hoje um polo de alta tecnologia na cafeicultura. O índice tradicional de renovação das plantas é de aproximadamente 5%, mas em 2011 foi de 8%, uma demanda aproximada de 10 milhões de mudas, cujo plantio encerrou em fevereiro deste ano. Outras dez milhões de mudas foram destinadas para aumento de área.

Pelos cálculos do pesquisador, houve um aumento de área de 3 mil a 4 mil hectares com plantas que só vão começar a produzir daqui a dois anos e meio. O volume representa 5,4% e 7,2% respectivamente da área cultivada na região, em torno de 55 mil hectares. Em todo o Estado, a área em produção é de aproximadamente 190 mil hectares e 20 mil hectares em formação. Na safra passada, a área em produção era praticamente a mesma, mas 53,8% menor que os cerca de 13 mil hectares em formação.

Para Vegro, o crescimento da área plantada é generalizado no Estado, nas principais regiões produtoras. Mas, na sua avaliação, ainda é pouco. "Nem que triplicasse a produção, não seria suficiente para atender ao mercado mundial. Hoje o Brasil é o único país que pode aumentar em grande escala a produção de café", afirma.

Mesmo com a recente queda dos preços do café no mercado internacional, Vegro está otimista e acredita que o cafeicultor tem capacidade de resistir aos ciclos de baixa. Sem citar estimativas, ele prevê que a cafeicultura paulista "vai roubar área da cana" no Estado. Os produtores da Alta Mogiana, por exemplo, não estariam arrendando terras para a cana. Movimento que ocorreu no passado, principalmente a partir de 2000, mas que foi em detrimento principalmente de lavouras velhas de café, na sua avaliação.

A produção paulista do grão na temporada 2012/13 é estimada pela Conab em 5,04 milhões de sacas. Se o número se concretizar, a colheita será 28,6% superior ao ciclo anterior (3,9 milhões de sacas), de menor produção diante da bienalidade da cultura. Mas ainda assim 2,2% maior que as 4,9 milhões de sacas no período 2010/11.

No ano passado, o café ocupou o sexto lugar no ranking dos produtos de maior valor na agropecuária paulista. O Valor Bruto da Produção (VBP) do grão beneficiado em 2011 totalizou R$ 1,8 bilhão ante R$ 1,4 bilhão em 2010, aumento de 27,1%. Mas o desempenho representou apenas 3,1% do VBP do Estado.



Veículo: Valor Econômico


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