A Cooperativa Regional dos Cafeicultores de São Sebastião do Paraíso (Cooparaiso), em Minas Gerais, pretende aproveitar a mudança da tributação do setor para triplicar o volume de exportação do grão este ano.
Com atuação nas regiões mineiras da Mogiana, sul e Zona da Mata, além da Mogiana Paulista, a Cooparaiso pretende receber dos cerca de 5.900 associados 1,5 milhão de sacas neste ano, ante 669 mil de 2011. O faturamento em 2012 deve totalizar R$ 625 milhões, 42,1% maior que os R$ 440 milhões no ano passado. No ano passado, as sobras somaram R$ 2,1 milhões.
A meta da Cooparaiso é exportar 200 mil sacas de café este ano. Se for concretizada, o volume será três vezes maior ou 203% superior que as 66 mil sacas embarcadas em 2011. Francisco Ourique, superintendente do Departamento de Café, assumiu o cargo em outubro do ano passado com a missão de reestruturar as vendas externas da cooperativa. Ele explica que a antiga tributação do setor gerava distorções e beneficiava algumas empresas. Outras deixaram de exportar porque era mais interessante vender para o mercado interno, que pagava preços mais altos. Na sua avaliação, o mercado voltou à normalidade com a aprovação do novo regime tributário.
A maior parte dos embarques segue diretamente para os torrefadores no exterior, principalmente Japão, Europa e Estados Unidos. Outra estratégia que vem sendo desenvolvida pela Cooparaiso é exportar café torrado e moído com a marca da cooperativa para a França. Uma subsidiária foi criada para este fim - a Cooparaiso Europe, constituída em 2009.
Diante da dificuldade de penetração do torrado e moído no exterior, a Cooparaiso uniu-se a outras centrais de cooperativas francesas e conseguiu colocar sua marca nas lojas dessas cooperativas. Hoje, a Cooparaiso consegue comercializar nesta fatia do mercado francês cerca de 4 mil sacas do produto industrializado por ano em 450 pontos de venda. A margem de lucro está em torno de 30%. Meio quilo da mercadoria vale de €4,70 a €7.
A cooperativa está mapeando a expansão deste modelo para outros países. "O problema é a escala. Não temos ainda no Brasil consórcios ou arranjos de negócios para promover uma estratégia mais agressiva de venda de café torrado e moído no mercado internacional", afirma Ourique. Ele pontua que a alternativa é tentar exportar um produto relacionado à origem, para a identificação do café com o Brasil. "O consumidor mais sofisticado em geral quer saber a procedência dos produtos que consome", resume.
Veículo: Valor Econômico